<p>Populares de Parada do Bispo, em Lamego, admitem interpor uma providência cautelar em tribunal ou queixar-se à Unesco para travar a instalação de mais postes de alta tensão na freguesia. Acusam a REN de não respeitar a paisagem classificada.<br /><br /></p>
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Quem entra em Parada do Bispo pela estrada que a liga à barragem de Bagaúste ou pelo acesso a Valdigem dificilmente conseguirá não reparar no emaranhado de cabos de alta tensão que povoam os céus da localidade, com as respectivas bolas, vermelhas e brancas, que ajudam a suster o seu peso. “Parece um estendal. Só falta ver lá as roupas penduradas”, critica Alzira Carvalho, que lidera o protesto da população.
O aglomerado de postes que “enfeita” o monte de Eirados também destoa numa zona de vinhedos que faz parte do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial. “São mais de uma dúzia e totalmente desordenados. Há postes estreitos e largos, altos e baixos, com linhas cruzadas por cima e por baixo. Isto é uma vergonha, um autêntico escarro!”, acentua.
Alzira Carvalho procurou esclarecimentos junto da Redes Energéticas Nacionais (REN), explicando que a intervenção ocorre numa zona protegida, que também faz parte da Rede Ecológica e da Reserva Agrícola nacionais. Não gostou que lhe dissessem que “já não se pode fazer nada e que até foi realizado um estudo de incidência ambiental”. Mas Alzira não percebe “porque não foi feita uma avaliação de impacte ambiental”.
Ao JN, a REN adiantou que “cumpre escrupulosamente os mais exigentes critérios, normas e recomendações da União Europeia” sobre o transporte de energia. Acrescentou que todas as intervenções realizadas “foram apreciadas pela Agência Portuguesa do Ambiente e mereceram o respectivo licenciamento por parte das entidades competentes”. E frisou que ao longo de todo o projecto “foi sempre possível chegar a acordo com as centenas de proprietários e entidades envolvidas”.
Para além do problema estético, a população queixa-se de outros efeitos. O tesoureiro da Junta de Freguesia, José Manuel Correia diz que já por várias vezes, durante a poda, ele e os colegas apanharam “pequenos choques” quando encostavam a cara aos arames da vinha. Presume que se deva à presença dos postes pois “é debaixo das linhas que os choques se notam mais”.