O encerramento de uma passagem de nível sem guarda da Linha do Vouga, em Macinhata da Seixa, Oliveira de Azeméis, eliminou uma zona de risco, mas acabou por criar outra. É que a alternativa a esta passagem obriga a uma arriscada manobra de acesso à antiga EN1 numa zona de curva e onde só é possível aceder pisando a linha contínua e entrando em contramão.
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O fecho desta passagem, no Lugar de Silvares, transformou-se num jogo do rato e do gato. Num dia, os funcionários da Refer encerram a passagem, pouco tempo depois, alguém volta a abri-la, sem que as autoridades consigam identificar os autores. É assim desde 2008.
Na manhã de ontem, a Refer efectuou mais uma tentativa, agora com recurso a betão e ferro. A GNR foi chamada ao local para proteger os funcionários que procediam à obra, mas não conseguiu calar a indignação da população local, que diz ter ficado sem alternativa viável.
“Não querem que morra gente na linha, mas parece que não se importam que morram pessoas no acesso à antiga EN1”, afirmou Albino Quintela, considerando que a alternativa para condutores e peões é muito mais perigosa do que a passagem de nível, onde, garante a vizinhança, “nunca houve mortes”.
“Temos muitas pessoas a passar por aqui durante o dia, a pé e de carro. Esta decisão não foi boa para ninguém”, observou. Uma opinião partilhada por Conceição Gomes, habitante da vizinha freguesia de Travanca. “A passagem facilitava muito mais a vida à nossa família e às pessoas que aqui passam a pé”, referiu.
As preocupações são ainda maiores para António Pablo, agricultor. Este proprietário de diversos terrenos ameaça deixar os campos ao abandono. “Sem alternativa para passar com as alfaias agrícolas deixo de cultivar e os campos ficam a ganhar silvas. Como é possível que se feche uma passagem e só depois se pense em encontrar uma alternativa para as populações?” questionou, indignado.
A esperança da população reside agora na possibilidade da Câmara tentar encontrar uma solução. Está agendada uma reunião, para a manhã de hoje, entre o vice-presidente, Ricardo Tavares, o presidente da Junta de Freguesia de Macinhata da Seixa, Francisco Jesus Jacinto, e o representante dos moradores, António Pablo.