Explosão no Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, provocou um morto, dois feridos graves e três feridos ligeiros.
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Carlos Mota, 48 anos, um sargento-ajudante do Exército experiente e reconhecido, com várias distinções, morreu na quinta-feira numa explosão durante a desativação de munições no Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, distrito de Santarém.
Para além deste militar, que deixa duas filhas menores, o rebentamento provocou ferimentos graves em dois militares e lesões leves em três. A Polícia Judiciária Militar vai investigar as causas da explosão, que ocorreu às 16.40 horas e que o Exército Português avançou ter sido "inadvertida".
Os dois feridos graves, de 23 e 38 anos, foram transportados num helicóptero do INEM para o Centro Hospital Universitário de Coimbra (CHUC). Segundo informou à noite o chefe da equipa do serviço de urgência do CHUC, Rui Garcia, não inspiram grandes cuidados. "Estão conscientes e perfeitamente colaborantes. Têm algumas queimaduras de primeiro grau na pele e na face. As principais lesões têm a ver com o impacto, porque foram projetados, com escoriações e queimaduras ligeiras. Têm também alguns zumbidos, por causa da explosão", descreveu o médico.
Já os três feridos ligeiros, com 21, 23 e 28 anos, naturais de Miranda do Corvo, Madeira e Chaves, seguiram para o Hospital de Abrantes em ambulâncias dos bombeiros. Segundo apurou o JN, sofreram lesões oculares e durante a noite foram transferidos para o Hospital de S. José, em Lisboa.
A explosão ocorreu às 16.48 horas, durante "uma operação de desativação de engenhos explosivos" no interior do campo militar, avançou o Exército Português em comunicado. A vítima mortal integrava a equipa de desativação de engenhos explosivos que deveria proceder à destruição, no local, "de munições, explosivos e artifícios de fogo", refere o Exército.
Operação vigiada
Marco Gomes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Constância, que liderou a intervenção das cinco corporações envolvidas nas operações, assegurou que as vítimas fazem parte do corpo de engenharia e constituem uma "equipa altamente especializada". O bombeiro referiu ainda que a equipa de enfermagem e médica do Campo Militar estava no local durante a operação, por questões de segurança.
O militar que faleceu era adjunto do comandante da Companhia de Engenharia de Combate Pesado e fez parte, entre 1999 e 2021, da Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada. A operação, de acordo com o Exército, decorreu no âmbito do "Planeamento e Gestão das Áreas de Instrução, Infraestruturas de Tiro e Infraestruturas de Treino do Campo Militar de Santa Margarida".
Após a explosão, o Exército acionou o Serviço de Saúde Militar e meios de emergência médica. Ao local acorreram 37 elementos dos bombeiros com 13 viaturas, bem como duas viaturas médicas de emergência e reanimação do INEM, mas o óbito do sargento-ajudante acabou por ser declarado no local. O Exército ativou uma equipa de apoio psicológico.
As operações de socorro decorreram até cerca das 18.30 horas e envolveram as corporações de bombeiros de Constância, Vila Nova da Barquinha, Sardoal, Chamusca, Abrantes e Entroncamento.
Marcelo fala em "grave acidente"
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa indica que "já falou com a ministra da Defesa Nacional e com o General Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME)". O chefe de Estado disse ainda estar a acompanhar as vítimas do acidente e os seus familiares.
Em declarações à RTP, Marcelo indicou que pretende visitar os feridos "logo que possível". "Irei visitar logo que possível os feridos com a senhora ministra da Defesa Nacional e com o general chefe do Estado-Maior do Exército. E queria enviar as minhas condolências à família do militar atingido, e vítima mortal e, ao mesmo tempo a preocupação e o acompanhamento dos familiares que são de vítimas não mortais e felizmente estabilizadas", adiantou.
Questionado se irá a Santa Margarida, o presidente da República respondeu que tudo o que fizer "será ajustado" com a ministra da Defesa Nacional e com o CEME.
Quanto à investigação do incidente, Marcelo afirmou que "certamente vai ser apurado". "Acontece sempre da parte das Forças Armadas e acontece obviamente, neste caso específico, da parte do Exército", considerou.
Por sua vez, o primeiro-ministro António Costa e o Ministério da Defesa Nacional lamentaram o sucedido. "Neste momento o que temos a lamentar são as vítimas e o envio de uma palavra de conforto às suas famílias", declarou aos jornalistas António Costa, acrescentando que se está a apurar as circunstâncias em que o incidente ocorreu.
Outros casos
Janeiro 2023
Um sargento com cerca de 30 anos morreu no paiol da Brigada Mecanizada do Campo Militar de Santa Margarida devido ao disparo acidental de uma arma. O caso está a ser investigado.
Abril 2022
Uma paraquedista morreu durante um salto de paraquedas no Campo de Saltos do Arrepiado, na Chamusca. Alexandra Rosa, de 52 anos, era instrutora militar.
Setembro 2018
Um militar dos Comandos morreu no Quartel da Carregueira, devido a um "ferimento causado pelo disparo de uma arma de fogo", segundo o Exército. A vítima era Luís Teles, de 23 anos, natural da Madeira.
Outubro 2014
Um soldado, de 25 anos, da Escola Prática de Serviços da Póvoa de Varzim, morreu após sofrer um traumatismo torácico grave num acidente enquanto reparava um veículo.
Maio 2011
Ana Rita Lucas, uma jovem de 17 anos, morreu na queda de uma torre, durante um exercício no Regimento da Serra do Pilar, no âmbito do Dia da Defesa Nacional.