<p>Foi de lágrimas nos olhos que os 172 trabalhadores das faianças Bordalo Pinheiro, de Caldas da Rainha, receberam a garantia da manutenção do posto de trabalho. Foram precisos 105 dias de luta e quase três milhões de euros.</p>
Corpo do artigo
O agora sócio maioritário da empresa prometeu e o ministro da Economia confirmou. Os postos de trabalho dos 172 trabalhadores vão manter-se e os ordenados em atraso vão ser pagos. Manuel Pinho garante ser esta a intenção da Visabeira e por isso mostra-se confiante.
Entre palavras de regozijo, o governante deixou escapar a emoção e elogiou "o comportamento exemplar" dos trabalhadores ao longo de todo este tempo de negociações para salvar as faianças Bordalo Pinheiro. "Senti-me na obrigação moral de fazer rigorosamente tudo o que estivesse ao meu alcance para encontrar uma solução para esta empresa", sustentou Manuel Pinho, lembrando que o que estava em causa "era salvar um símbolo" do país.
Segundo o ministro, o Estado irá investir cerca de dois milhões de euros. "Não foi só o dinheiro que se meteu na empresa, mas também a renegociação das dívidas aos bancos e à Segurança Social". Este conjunto de operações, frisou, "permitiu viabilizar a cerâmica Bordalo Pinheiro que pode agora perspectivar um bom resultado no futuro".
Apesar do montante investido, Manuel Pinho garantiu que a Visabeira "ficará com uma posição claramente maioritária". Este grupo investiu cerca de 1,8 milhões euros em aumento de capital e na compra de 76% das faianças, detidas por um grupo de accionistas, entre os quais está o socialista Vera Jardim.
Paulo Varela, vice-presidente do grupo Visabeira, admitiu não ter razões para dizer que "a empresa não é viável com os 172 trabalhadores". Por isso quer a Bordalo Pinheiro já a partir de hoje a "retomar toda a capacidade produtiva que tem e que neste momento está um pouco adormecida". O responsável explicou que o objectivo, agora, passa pelo relançamento da marca Bordalo Pinheiro nos mercados externos, por forma a aumentar as vendas e assegurar a viabilidade económica da empresa.
"Queremos encontrar colocação para os produtos nos mercados internacionais e vamos apostar na procura de novos clientes, nomeadamente alemães e americanos, que já foram nossos clientes", adiantou Paulo Varela.
O vice-presidente do grupo Visabeira garantiu ainda aos jornalistas que as unidades fabris - uma de produção de loiça utilitária e outra decorativa - vão continuar a laborar.