Os movimentos cívicos de Nelas e de Carvalhal Redondo e a Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio promovem, na noite de sexta-feira, uma vigília de protesto devido à falta de médicos nos serviços de saúde.
Corpo do artigo
A vigília, que vai realizar-se junto ao Centro de Saúde de Nelas, tem como objetivo "alertar para a situação de rutura a que se chegou", disse à agência Lusa o presidente da ATMU, António Minhoto.
"Temos poucos médicos, que quando metem baixa não são substituídos, e em breve vão começar a entrar de férias. A situação é muito grave", frisou.
O concelho tem a funcionar o centro de saúde de Nelas e as extensões de Carvalhal Redondo, Santar e Canas de Senhorim. As duas primeiras já estiveram em risco de fechar devido à falta de médicos.
Segundo António Minhoto, para todo o concelho "há apenas seis médicos e meio, uma vez que um deles só faz umas horas" em Carvalhal Redondo e Santar.
"Em 2004, tínhamos 12 médicos para 15.289 utentes e já havia cerca de cinco mil sem médico de família", contou, acrescentando que, neste momento, desconhece quantos utentes estão nesta situação, mas admite que "será bem pior".
António Minhoto contou que, além da demora de vários meses na marcação de consultas, os utentes têm também de esperar muito tempo para que os médicos vejam os exames.
"Passados vários meses, os resultados dos exames podem já não estar válidos, colocando em risco o doente e gastando em vão dinheiro do Estado", lamentou.
Por outro lado, os serviços do Centro de Saúde de Nelas, que deveriam estar abertos até às 24:00, "têm estado alguns dias encerrados desde as 20:00", por falta de médicos.
"Não só enganam os utentes, que chegam lá e dão com o nariz na porta, como enganam os bombeiros, que depois acabam por terem de se deslocar ao hospital de Viseu", acrescentou.
Ao promoverem a vigília, os movimentos cívicos e a ATMU querem "dizer basta" a esta situação, "que se arrasta no tempo". Neste âmbito, apelam à população que participe na vigília, marcada para as 21:00.
António Minhoto lembrou que o concelho de Nelas tem algumas particularidades, como uma população envelhecida, fábricas que trabalham ininterruptamente, um complexo termal e muitos antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio, que estão abrangidos por um programa específico de saúde.
A Lusa tentou, sem sucesso, contactar o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde Dão Lafões III, José Craveiro.