Itinerário complementar desencravou sul do distrito de Bragança, mas há muitas zonas onde não é possível fazer ou manter uma chamada.
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Não há bela sem senão e o Itinerário Complementar n.º 5 (IC5) é um caso paradigmático. Se, por um lado, permite uma viagem rápida e segura entre a Autoestrada Transmontana (A4), na zona do Pópulo (Murça/Alijó), e Duas Igrejas, em Miranda do Douro, por outro, os autarcas dos concelhos abrangidos queixam-se da falta de uma boa cobertura de rede móvel.
O problema não é de agora e apesar das insistentes chamadas de atenção feitas pelos autarcas, passados 10 anos sobre a abertura do IC5 em toda a extensão de quase 135 quilómetros, até agora não receberam retorno das operadoras de telecomunicações e da tutela.
"Infelizmente, quem fizer todo o trajeto do IC5 é melhor não usar a rede móvel porque vai ter quebras consecutivas", critica o presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, Jorge Fidalgo. "É inadmissível. Andam sempre a apregoar a digitalização, o mundo novo e depois temos dois portugais", protesta a autarca mirandesa Helena Barril. Os homólogos de Carrazeda (João Gonçalves), Mogadouro (António Pimentel) e Alijó (José Paredes) também apontam o facto negativo de "não ser possível percorrer a via sem cortes na rede de telemóvel".
Faltam sete quilómetros
Outra lacuna do IC5 é que não chega à cidade de Miranda do Douro e muito menos à fronteira com Espanha, que fica ali ao lado. Acaba a sete quilómetros de distância, nas proximidades da aldeia mirandesa de Duas Igrejas.
Jorge Fidalgo, também autarca de Vimioso, quer "sublinhar" este facto, pois, não obstante tratar-se de "uma estrada estruturante para toda a região", refere que "os eixos rodoviários deviam ser planificados e executados na totalidade". Frisa que "não faz qualquer sentido que o IC5 não esteja ligado à sede de concelho, Miranda do Douro, e daqui a Espanha". "Infelizmente vamos estando habituados a ficar com obras incompletas", critica.
A presidente da Câmara de Miranda, Helena Barril, classifica a não conclusão do IC5 como um "amargo de boca", apesar de ter sido "a obra mais estruturante feita nos últimos anos" no distrito de Bragança. António Pimentel complementa que foi uma empreitada que "encurtou o tempo de deslocação entre concelhos e ao Porto". João Gonçalves concorda e evidencia a "centralidade" que o IC5 deu a Carrazeda de Ansiães, deixando esta vila, por exemplo, a pouco mais de meia hora de Vila Real.
Esse aspeto já foi referido por "empresas que manifestaram interesse em instalar-se na nova área empresarial que está a ser criada no concelho. "Só é pena que estejamos a comemorar 10 anos", pois João Gonçalves acredita que "se o IC5 tivesse sido feito há mais tempo teriam sido aproveitadas outras oportunidades que surgiram e não se voltaram a repetir".
António Pimentel fica a torcer para que, "agora que se está a evidenciar alguma degradação no IC5, a concessionária não venha entregá-lo ao Estado". Considera que "seria uma tragédia", pois não tem dúvidas de que "a estrada continuaria a estar degradada".
Novos acessos e uma área de descanso
O presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel, reuniu com a concessionária do IC5 para reivindicar a reabertura de um nó de saída para a vila, mas "não houve grande abertura". Depois de um acidente foi colocado um separador que não permite o acesso direto ao sul da vila, obrigando a dar uma volta maior. Também reclama uma saída na zona de Santiago para abranger sete localidades do concelho até Peredo de Bemposta. "As pessoas têm de fazer mais oito quilómetros até Tó e voltar para trás pela estrada velha". O presidente mogadourense ainda fala de uma área de repouso, pois "desde o Pópulo até Miranda, quem quiser descansar ou fazer as necessidades tem de sair do IC5". A autarca de Miranda pretende "um nó de ligação a Palaçoulo", aldeia que tem um "polo industrial com bastante importância".
Os ostracizados
Longe de tudo
Vimioso, Vinhais e Freixo de Espada à Cinta são os três concelhos do distrito de Bragança onde não passa nenhum dos grandes principais eixos rodoviários de Trás-os-Montes e há muito reclamam novas vias de acesso.
Injustiçados
O presidente da CIM Terras de Trás-os-Montes critica o facto de praticamente todas as estradas que servem Vimioso, Vinhais e Freixo terem sido construídas "antes do 25 de Abril", considerando que se trata de uma "injustiça".