Falta de união entre bombeiros e ausência de um caminho a seguir. São estas as duas grandes conclusões do debate “Resposta ao socorro: presente e futuro” no seminário “Bombeiros: Que responsabilidade do poder central e local, na atualidade e no futuro?”, que decorre durante esta quarta-feira, em Famalicão.
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“Se fôssemos unidos enquanto bombeiros éramos Governo. Se calhar não somos Governo porque não somos unidos. Aquilo que identifico como a maior falha é a falta de união”, afirmou José Rodrigues, comandante dos Bombeiros Voluntários de Peniche.
Para o responsável “o segredo” é a união entre os bombeiros, mas a par disso identificou vários aspetos que terão de ser alterados, nomeadamente a “preparação dos bombeiros para o futuro”. A este nível José Pereira aludiu às várias tecnologias que já ajudam os bombeiros a desempenhar as suas funções mas que são insuficientes, e aquelas em que ainda é necessário apostar como a inteligência artificial e a robótica.
Por outro lado, a criação de uma “task force” com operacionais de várias entidades foi um outro ponto de ação sublinhado pelo comandante dos Bombeiros de Peniche que salientou, ainda, a necessidade de investir na saúde mental dos bombeiros.
Tal como José Pereira, também Marisa Artur, comandante dos Bombeiros Novos de Aveiro, destacou a importância da união. “Podemos gritar mudança, gritar financiamento, mas há um trabalho interno que tem de ser feito”, afirmou. “Não conseguimos ser unidos, somos resistentes às mudanças”, disse, notando que os corpos de bombeiros não conseguem cumprir um “simples regulamento de fardamento”.
A ausência de uma carreira de bombeiros que lhes dê estabilidade, a necessidade de alterar a legislação quanto à formação inicial de bombeiros e as regras de financiamento foram alguns dos aspetos focados pela operacional. “Apesar de ser importante haver financiamento, este pode ser perverso. Quando assenta no número de intervenções há uma certa perversão”, considerou.
Para Marisa Artur é preciso avaliar individualmente cada realidade e “garantir a resposta mínima a cada uma das situações”.
Por seu lado, Ricardo Correia, comandante dos Bombeiros Voluntários de Loures notou que há 30 anos que são discutidos os mesmos problemas. Salvaguardando que a sua posição apenas o vincula a si próprio, Ricardo Correia frisou que o futuro dos bombeiros é “desconhecido” porque “ainda não se definiu um caminho”.
Depois de apresentar vários indicadores sobre a situação atual, lançou várias questões, nomeadamente sobre o peso do voluntariado, a remuneração dos bombeiros, a viabilidade do número de corporações de bombeiros que existem atualmente, o financiamento. Garantiu não ter respostas para as questões, mas notou que servem para uma reflexão conjunta.