Abertura de dois hospitais agudizou problema. Estudantes universitários queixam-se de falta de habitação e de contínuo aumento de preços.
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Vila Real está à míngua de alojamento. O problema tem vindo a agravar-se nos últimos anos devido a uma maior procura pela cidade, com a abertura de dois hospitais privados e de outras grandes empresas, a que se junta a demanda dos estudantes universitários. O que existe é considerado caro para uma cidade do interior, num concelho com quase 50 mil habitantes.
Um apartamento T3 por menos de 500 euros de renda mensal começa a ser um achado. Dependendo da localização e estado pode superar 700 euros. No mercado dos novos, o cenário é semelhante. De acordo com o mais recente boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE), referente aos preços da habitação ao nível local, o valor mediano das vendas por metro quadrado de alojamentos familiares em Vila Real só é ultrapassado por Viseu e Évora em toda a faixa interior do país.
O INE toma como referência as vendas efetuadas durante um período de 12 meses acabado em março de 2021. Vila Real está no intervalo de preços em que o máximo é de 1 197 euros por metro quadrado - em linha com o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal - e o mínimo situa-se nos 650 euros. Lisboa (entre 1 197 e 3 296 euros por metro quadrado) é onde as casas são mais caras e Penedono (entre 163 e 440) tem as mais baratas.
"Perda de atratividade"
No meio académico o cenário também tem vindo a degradar-se. Os estudantes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) já se manifestaram por mais que uma vez contra a falta de alojamento em Vila Real. Reivindicam soluções para ajudar os cerca de 70% de estudantes deslocados. Mais de um terço dos sete mil alunos beneficiam de ação social direta.
"Há quatro anos, quando entrei na UTAD, os preços por quarto rondavam os 100 a 120 euros por mês. Neste momento são sempre superiores a 150 euros e com tendência para aumentar, mesmo em quartos com más condições", assegura Maria Ferreira, presidente da Associação Académica. Neste ano letivo, acrescenta, "uma aluna não fez o primeiro semestre porque não encontrou alojamento a um preço que conseguisse pagar". A continuar assim, "pode ser um fator de perda de atratividade da UTAD".
Diz-se em Vila Real que, pelo mesmo custo de um apartamento na cidade, mais vale ter um semelhante junto ao mar. Todavia, o que acontece mais não é do que a lei da procura e da oferta a funcionar. Os dois candidatos à Câmara, que concorrem por partidos com representação nos órgãos municipais (PS, PSD e CDS/PP), prometem investimento municipal para resolver o problema.