Agregado de Vila Franca de Xira depende apenas de um salário e não tem forma de suportar aumento da renda. Mãe teme perder as crianças.
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Carina Soares, 46 anos, está desesperada. Com quatro filhos menores, um dos quais com problemas graves de saúde, corre o risco de ser despejada no final de maio por não ter condições financeiras para suportar o aumento da renda do apartamento, a partir de junho. Teme que a comissão de proteção de crianças lhe retire os filhos se não tiver uma casa para habitar.
Empenhada em encontrar uma solução, Carina contactou a Câmara de Vila Franca de Xira, Segurança Social, IHRU - Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, Junta e Cáritas, mas nenhuma das entidades a conseguiu ajudar.
"Não quero que me deem nada. Apenas uma casa que possamos pagar", explica ao JN. "A renda é de 400 euros, mas vai passar para 680 euros." Um valor incomportável, pois só o marido trabalha e, como ficou com a "mão esmagada" num acidente de trabalho, está de baixa e a receber apenas 70% do salário.
Residente em Castanheira do Ribatejo, Carina sabe que as casas são mais baratas em Alcoentre, mas o marido trabalha em Alhandra e ela tem de ir com regularidade ao Hospital de Santa Maria, onde o filho de dois anos faz o acompanhamento genético, ao Hospital da Estefânia, onde tem consultas devido aos problemas auditivos, e ao de Vila Franca de Xira, onde é seguido na pediatria e na enfermagem. A solução ideal seria continuar a morar na mesma localidade, onde Kiko faz terapias "quase todos os dias".
Com trissomia 21, Francisco não tem a parte direita do cérebro. "Não anda, não gatinha, não fala, não palra e tem alta miopia", assegura a cuidadora informal. Além de um apoio único de 400 euros que vai receber da Segurança Social por causa do aumento da renda, Carina tem sido ajudada através do grupo do Facebook "Kiko o meu bebé milagre". "No mês passado, disse que as rifas eram para comprar uma bilha de gás e uma senhora ofereceu-a", conta.
Neste momento, a prioridade de Carina é arranjar uma casa para onde se possa mudar, com o marido e com o filho de 13 anos, as filhas de oito e de quatro anos, e Kiko. "Pelos meus filhos faço tudo. Não posso perdê-los", diz emocionada.
Em resposta ao JN, a Câmara garante que facultou à munícipe "contactos de potencial interesse e cujos preços configurar-se-ão mais acessíveis" no mercado privado de arrendamento. O Município esclarece ainda que não há nenhum concurso público aberto para atribuição de habitações sociais.
No dia 4 de maio, Carina vai voltar a expor a sua situação na reunião de Câmara, na expectativa que alguém a consiga ajudar.