Pedro Carvalho, de 20 anos, faleceu em casa, três horas depois de ir às Urgências com queixas de dores no peito e num braço. Médica diagnosticou gastroenterite.
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Depois de um dia a queixar-se de dores no peito e num braço e de problemas intestinais, Pedro Carvalho, de 20 anos, natural de São João de Loure, Albergaria-a-Velha, deslocou-se à Urgência do Hospital de Águeda. Lá, foi visto por uma médica, que lhe terá diagnosticado uma gastroenterite, medicando-o e mandando-o para casa. Três horas depois, cerca das 4.30 horas de terça-feira, enquanto dormia, Pedro morreu. A família acusa o hospital de negligência e diz que vai apresentar queixa contra o mesmo.
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Na segunda-feira, enquanto trabalhava na construção civil com os irmãos e com o pai, Pedro queixou-se de dores, a meio da tarde. "Disse que lhe doía o peito e um braço e que andava com diarreia", recordou, ao JN, António Carvalho, irmão do jovem.
Terminado o dia de trabalho, Pedro rumou a casa. Quando a companheira do jovem, Diana Coutinho, chegou a casa vinda do trabalho, após as 22 horas, ele mantinha-se com dores. "Continuava a queixar-se do mesmo. Mas comeram, tomaram banho e deitaram-se. Às 00.30 horas, ele acordou a namorada a dizer que estava com mais dores, no peito e no braço, e a pedir que o levasse ao hospital", contou António.
Segundo a família, Pedro Carvalho deu entrada no Hospital de Águeda às 1.09 horas. "Antes das 1.45 já estava a sair. Era o único doente que lá estava e foi logo atendido. Disse que a médica lhe apalpou a barriga, que disse que era uma gastroenterite e que lhe receitou medicamentos", explicou o irmão.
O casal regressou a casa e, cerca das 2.30 horas, deitou-se e adormeceu. Às 4.25, Diana acordou com Pedro a respirar "alto" e de forma intensa. Chamou-o e não obteve resposta. "Ele estava agarrado a ela, ela soltou-se, virou-se para trás e ele ficou de barriga para cima, mas sem reagir. Foi quando ela me telefonou e eu corri para lá", adiantou António.
Nada a fazer
Poucos segundos depois, Pedro dava os últimos suspiros. Quando o irmão chegou, já o encontrou em paragem cardiorrespiratória. Ao telefone com um médico, através da linha de emergência, António colocou Pedro no chão e fez-lhe as manobras de reanimação que o clínico lhe indicava.
"Nisto, chegaram os bombeiros e também já não conseguiram fazer nada. Só queríamos que lhe tivessem feito exames, no hospital. Ele era o único doente ali, não dá para entender como não fizeram. Amanhã [hoje], vamos lá apresentar queixa", garantiu. O Centro Hospitalar do Baixo Vouga já informou que abriu um inquérito interno.
Centro Hospitalar do Baixo Vouga abre inquérito
O Centro Hospitalar do Baixo Vouga - que engloba os hospitais de Águeda, de Aveiro e de Estarreja - confirmou ao JN que "a direção clínica vai, de imediato, e como sempre faz, abrir um processo interno de inquérito, no sentido de apurar todos os factos para o esclarecimento desta situação, que muito lamenta". Além disso, endereçou publicamente os pêsames à família. Depois de ser sujeito a autópsia, o corpo de Pedro Carvalho foi a enterrar na quinta-feira, na localidade onde vivia. Antes disso, para despiste, tinha-lhe sido feito um teste à covid-19, que deu negativo.