<p>Em casa de Rafael da Cruz Miguel, a criança de oito anos que morreu, anteontem, afogada quando brincava com dois amigos nas margens do rio Ul, na freguesia com o mesmo nome, em Oliveira de Azeméis, já quase não há lágrimas. Apenas dor e revolta. <br /></p> <p> </p>
Corpo do artigo
Ontem, um dia após a morte, o pai encontrava-se sentado numa cadeira no exterior da casa, visivelmente combalido por uma doença que o obrigou a estar internado no Hospital S. Sebastião, em Santa Maria da Feira até ao dia da morte do filho. E só de lá saiu depois de assinar o termo de responsabilidade. “A minha mulher tem que reagir”, afirmou ao ver a sua companheira agarrada a uma fotografia de Rafael enquanto recebia o apoio de uma vizinha.
O olhar magoado e a voz quase de irritação eram explicados por um familiar. “O pai da criança já passou por muito sofrimento. Já não consegue reagir de outra forma. O pai tem tido muitas doenças e o próprio Rafael já tinha sido operado vezes sem conta”, disse.
Rafael era um dos sete filhos deste casal, desempregado, que vive com muitas carâncias. Nenhum dos outros filhos trabalha, apesar de entre eles alguns serem maiores de idade.
Sobre as circunstâncias que envolveram a morte do menino ninguém arrisca pormenores. “Só os dois amigos que estava com ele é que sabem o que se passou”, afirmam. E de acordo com o testemunho dos dois jovens a familiares e amigos, Rafael terá escorregado da margem do rio. Nessa altura, decidirem pedir ajuda à vizinhança mais próxima que se encontrava a cerca de 10 minutos do local.
Foi necessário efectuar as buscas ao longo do leito e foi o pai de um desses jovens que deu o alarme depois de mergulhar no rio e a localizar Rafael já sem vida no Ul.
As tentativas de reanimação feitas por bombeiros e por uma equipa da VMER de Feira de nada valeram. O funeral realiza-se na tarde de amanhã, na igreja de Ul.