Mais de três centenas de velejadores compareceram, ontem, sábado, em Ovar, na partida de mais uma edição do Cruzeiro da Ria. Pais e filhos partiram rumo à aventura.
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"Vento. Velocidade. Liberdade." Nuno Machado olha para o filho André, de 16 anos, em jeito de interrogação. O que se sente quando se anda de barco à vela? "É uma sensação muito difícil de descrever", continua, enquanto puxa cordame daqui, cordame de acolá, para endireitar a vela do pequeno barco branco da classe Snipe, que insistia em guinar para todo o lado, tal a força do vento que se fazia sentir.
Pai e filho, de Leça da Palmeira, Matosinhos, há muito senhores de água doce e campeões por diversas vezes nestas andanças das regatas, esperavam, ontem, dia da partida do 48.º Cruzeiro da Ria, que teve início na marina do Carregal, em Ovar, conseguir pelo menos o feito do ano passado alcançado por André e pela mãe, Sofia Tavares, ao ganhar na sua classe.
Este ano, com os pés bem assentes em terra, Sofia Tavares e a filha Francisca, de 12 anos, também ela velejadora mas com alma de surfista, limitaram-se a ver os dois homens da família a partir rumo a Aveiro.
Igualmente longe da água, da qual ainda tem um pouco de medo, embora esteja a lutar para o vencer, Paula Santos, de Coimbra, viu a filha Carla, de 12 anos, e o marido, Carlos Nascimento, embarcar num Vaurien.
"Para o ano talvez participe também. Para já estou a aprender a nadar e a ver se perco o receio à água", explica, dando sinais de já ter sido mordida pelo mesmo bichinho que atacou a restante família. A filha Carla, disse o pai, "faz vela desde que viu a luz".
Na verdade, entre os cerca de 320 participantes, perto de 80 eram jovens. E contavam-se muitas crianças, algumas de sete e oito anos. Mas quem as visse de óculos de sol, fatos coleantes, coletes, luvas sem dedos e uma grande dose de estilo, facilmente perceberia que nisto de conhecer ventos, marés, ondulações, velas e afins ninguém as bate.
"Pode parecer um desporto elitista, mas não é, pelo menos enquanto não se avança para a competição", explicou José Fragateiro, vice-presidente da Náutica Desportiva Ovarense (NADO), entidade organizadora do cruzeiro.
"Os miúdos podem frequentar as aulas de vela na nossa escola a partir dos seis anos por apenas 3,5 euros por mês. Nós disponibilizamos tudo, incluindo as embarcações e os monitores", fez notar.
Quanto ao cruzeiro, José Fragateiro insiste que é apenas um são convívio com lanche e dois jantares à mistura. No entanto, hoje, no regresso a Ovar, serão conhecidos os vencedores.