Na celebração dos 120 anos, o Automóvel Club de Portugal distinguiu, esta quinta-feira, os associados do Porto com mais anos de fidelização. Entre os consagrados, houve quem impressionou por continuar a fazer-se à estrada. Foi o caso de Fausto Saraiva e Rosemary Figueiredo, ambos com mais de 90 anos.
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Fausto Saraiva tem 93 anos, mas a idade nunca o impediu de conduzir. Fez-se à estrada desde novo e percorreu "milhões de quilómetros" ao serviço da Polícia Judiciária do Porto. Há 50 anos que é sócio do Automóvel Club de Portugal (ACP), mas "só recorreu ao apoio três vezes". Esteve na celebração dos 120 anos da instituição, que distinguiu 43 sócios com mais anos de fidelização.
Decidiu juntar-se ao ACP pela segurança e pela assistência "impecável". "Foram poucas vezes, mas se precisasse, telefonava e passado um quarto de hora estavam lá", disse Fausto Saraiva, enquanto mostrava a carta de condução, renovada até novembro deste ano.
Cada vez mais sócios
Os tempos mudaram, mas o presidente do ACP, Carlos Barbosa, garante que "quanto maior é a crise do país, mais pessoas se associam". "São nove euros por mês por uma grande panóplia de serviços que as pessoas aproveitam", observou.
Fausto Saraiva e Rosemary Figueiredo foram os sócios mais velhos presentes na celebração. A escocesa, de 94 anos, foi a única a atingir os 75 anos de fidelização. Também continua a conduzir, mas de forma "mais limitada e com mais segurança", garantiu.
Sou muito cuidadosa. Olho sempre para um lado e para o outro
Não se recorda quando foi a primeira vez que pegou num carro, mas explicou que foi um percurso a par com o ACP. "Eu queria conduzir e ter uma companhia para me proteger dos problemas. Quando eu precisava de algo, eles respondiam muito bem", explicou Rosemary.
Também homenageada, Maria Fernanda Conceição tem a carta desde 1973, o mesmo ano que decidiu associar-se ao ACP.
Na década de 70, momento de liberalização e independência da mulher na sociedade, Maria Fernanda Conceição foi inspirada pela tia, que foi a primeira mulher a ter a carta de condução no distrito de Coimbra, e que andou na estrada até aos 89 anos.
"Na altura havia poucas mulheres que tiravam a carta. Mas eu sempre tive aquela ideia de ser independente e ser dona de mim", explicou.
A carta custou-me 1250 escudos e concluí-a ao fim de nove lições
"O meu primeiro carro foi um Renault 5. Tinha um volante pequenino e fazia um barulho desgraçado. Onde eu passava, toda a gente sabia que era eu", recordou Maria Fernanda Conceição.
A idade também não parou Maria Sena Lopes que aos 82 anos continua a "pegar no carro sem problemas": "Não vou para muito longe e só para sítios conhecidos. No Porto só ando fora da cidade, porque no centro é mau".
Acompanhar a evolução
O presidente da ACP acredita que "nos próximos 100 anos não vai acabar a combustão".
Contudo, e com os meios de mobilidade em mudança, Carlos Barbosa adiantou que vão lançar nas próximas semanas o "ACP Elétrico", para acompanhar a grande evolução no setor.
O Automóvel Club de Portugal foi fundado em 1903. Os associados têm acesso a um plano de saúde gratuito, apoio domiciliário, assistência em viagem com reparação no local, assistência em casa e diversos descontos.