<p>As Termas do Luso fecharam as portas esta terça-feira e não abrem antes de Outubro, altura prevista para o final das obras de remodelação. Autarcas, empresários e moradores criticam o "timing" e falam em "machadada" no comércio local.</p>
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"Nunca nos passou pela cabeça que alguma vez as termas fossem fechadas ao público, porque não era isso que nos tinha sido prometido. E ainda por cima a Sociedade das Águas de Luso (SAL) está a reencaminhar os aquistas para a Curia, correndo nós o risco desses clientes se fixarem lá e deixarem de frequentar o Luso", disse ao JN, indignado, António José, administrador do Hotel Éden.
O empresário louva as obras de vulto que estão em curso nas velhas termas do Luso, orçadas em três milhões de euros, mas diz que "as coisas deviam ter sido pensadas de outra forma".
"As unidades hoteleiras e o pequeno comércio do Luso (sobre)vivem graças a estes três meses de Verão. Ora, com as termas encerradas, e ainda por cima tendo esse anúncio sido feito em cima da hora, o inevitável está a contecer: tenho estado a receber inúmeras desmarcações, porque os clientes, sem termas, já não querem pernoitar cá", afirma António José.
Nuno Alegre, porta-voz dos comerciantes do Luso, não só corrobora as palavras do administrador do Hotel Éden, como vai mais longe: "Inaugurar as obras em Outubro só favorece o presidente da Câmara da Mealhada, que se recandidata ao cargo. Ou melhor, não sei se favorece, porque as pessoas do Luso estão revoltadas e no dia das eleições dirão de sua justiça". O empresário de hotelaria lembra que este "inusitado" fecho das termas vai "inevitavelmente levar à falência vários comerciantes. E o que é que a Câmara, que é conivente com esta decisão da SAL, vai dizer a essas pessoas?", questiona o comerciante.
Ao JN, o presidente da Câmara da Mealhada, Carlos Cabral, garantiu que tudo fez para contrariar este fecho, mas afirmou perceber que "as obras em curso são realmente incompatíveis com a presença de termalistas". Sobre eventuais "aproveitamentos políticos", o autarca diz que "basta pensar um pouco para perceber que o fecho das termas, no Verão, só me prejudica politicamente".
Nuno Pinto Magalhães, da SAL, diz que compreende os protestos, mas prefere sublinhar as vantagens decorrentes do investimento: "Estamos a fazer um esforço financeiro enorme neste 'upgrade' às termas, com o contributo da prestigiada Maló Clinics, para oferecer serviços de grande qualidade, num conceito moderno, que vai levar novos públicos ao Luso".