A Extensão de Saúde de Loureda, em Arcos de Valdevez não funcionou durante três semanas porque a única médica que ali trabalha foi gozar férias. Sem aviso prévio, a unidade que já levara dois anos a abrir esteve fechada a cadeado de 10 de Julho a 1 de Agosto.
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A resposta pronta de um taxista de Arcos de Valdevez à pergunta do "Jornal de Notícias" sobre a localização da Extensão de Saúde da freguesia de Loureda resume bem o estado de espírito da população em relação àquele equipamento: “Aquele monstro? Quando chegar ao largo que fica no meio da aldeia logo o vê!”
E o certo é que facilmente se reconhece o edifício que, em 2007, estava concluído e pronto a servir cerca de cinco mil utentes de mais de uma dezena de freguesias do concelho de Arcos de Valdevez, mas que só viria a abrir ao público em Dezembro de 2009.
De aí para cá, diz a população local, o posto tem funcionado “a meio tempo, com semanas que abre uma única vez”, e nas últimas três semanas muitos foram os que se depararam com a estrutura fechada com cadeados e com um aviso afixado numa das vidraças: “Férias da Doutora Adelina. 10 de Julho a 1 de Agosto”.
“As pessoas chegam aqui, não encontram a médica e queixam-se, claro. Ninguém percebe muito bem isto. Gastou-se aí o dinheiro dos contribuintes e era bom que esse dinheiro fosse rentabilizado. Para estar aí quatro meios dias por semana acho que não se justifica gastar tanto dinheiro”, protesta Manuel Pereira o proprietário de um café situado em frente à Extensão de Saúde, sublinhando: “Está aqui uma médica da parte de tarde, quatro dias por semana, Segunda, Terça, Quinta e Sexta-feira, só que tem dias que a médica não vem e chegam aí as pessoas e está tudo fechado”.
“Não posso pensar mais mal do que estou a pensar, a culpa é de quem pôs isto aqui, este caixote, este contentor...Isto é um engana meninos”, critica José Barreiro, um ex-emigrante cuja casa é vizinha da unidade de saúde instalada na freguesia. “Abre às duas e meia e fecha às cinco e quando a médica vem, porque tem semanas de abrir um dia. Sou utente e bem, só tenho a dizer da médica, que é espectacular, de resto, se já se viu chegarem aí pessoas dessas aldeias e estar fechado...É por isso que o país está como está”, atira o homem.
O descontentamento face a esta situação não é, contudo, exclusivo dos habitantes de Loureda e das freguesias vizinhas que apesar de terem uma unidade de saúde perto de casa continuam a ter de deslocar-se à sede de concelho, situada a cerca de 12 quilómetros. O presidente da junta, Manuel Leiras não esconde a sua insatisfação. “Funciona três a quatro dias por semana e agora fechou e não houve sequer uma informação à população”, lamenta.
Recentemente, o autarca de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo anunciou durante uma das reuniões periódicas do executivo que “iria reunir com ARS–Norte para resolver questões relacionadas com protocolo e para resolver a situação da extensão de Loureda que se encontra encerrada devido ao período de férias da médica que lá exerce”. O JN tentou ontem obter esclarecimentos sobre a situação da extensão de Loureda junto dos serviços de relações públicas da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), sem êxito.