Pavilhão Rosa Mota foi pequeno para acolher a multidão que quis festejar 24.º aniversário da rádio.
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Salvina Andrade é capaz de "correr o país inteiro" para ver um espectáculo de música portuguesa. Por isso, ontem, não podia faltar à festa do 24º aniversário da Rádio Festival, que juntou mais de 30 artistas nacionais no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. "Ainda ontem (anteontem) fui de táxi ver o Tony Carreira, no Multiusos de Guimarães", sublinha, confessando ser uma verdadeira fã daquele cantor. "Já gastei 250 euros para ir vê-lo a cantar no Pavilhão Atlântico, em Lisboa", assegura.
O marido já está habituado, diz aquela moradora de Vila do Conde. "Ele também às vezes fica no café", atira, de imediato. Tal é a frequência que Salvina anda por esse país fora atrás dos seus ídolos que já tem um acordo com um taxista, que lhe faz um desconto. Ontem, a corrida ficou por 30 euros. Mas Salvina não se importa, até porque era a oportunidade de ver outro dos seus cantores preferidos: Marco Paulo.
Centenas tentaram entrar
Aliás, numa fila com centenas de pessoas que tentavam entrar no Pavilhão Rosa Mota e, que durante hora e meia, chegou até à rua, o nome do artista que deu fama à música "Dois amores" era o mais apregoado. Foi por ele que Armandina Ferreira, de S. Mamede de Infesta, resolveu assistir, pela primeira vez, à festa da Rádio Festival. "Já estou satisfeita. Não volto cá. Gosto muito de todos artistas que vão cantar, mas é muita confusão", confessa, ao JN.
É que chegou a haver um momento de tensão no Pavilhão Rosa Mota, quando dezenas de pessoas tentaram forçar a entrada no recinto porque não conseguiram arranjar bilhetes. Apesar dos vários avisos da rádio de que a lotação estava esgotada, foram muitos os que resolveram, mesmo assim, tentar a sorte. "Estive uma hora na fila para a bilheteira. Quando chegou a minha vez é que vi que estava fechada. Podiam ao menos ter colocado um aviso", protestava Maria Morais, de S. Pedro da Cova, garantindo: "Aos anos que venho a esta festa e nunca me aconteceu não ter bilhetes".
"Furo tudo" para entrar
Os lamentos de Maria repetiam-se entre as centenas de pessoas que tiveram que ficar à porta, porque não conseguiram bilhetes. Era o caso de Albertina Paulo. "Já vinha com o meu falecido marido. Até vinha a pé desde Gaia. Agora, vou ter que tentar ouvir cá de fora", refere, sentando-se num banco, para aproveitar a sombra de uma árvore.
Ao lado, quatro amigas de Gondomar também partilham a tristeza de não conseguirem ver o seu "Paulinho". "Gosto muito do Marco Paulo. Se me pedisse namoro, casava era com ele", brincava uma delas, tentando manter a boa disposição, apesar de ter ficado à porta. Outra estava em dia não. "Quando vim no autocarro, roubaram-me 60 euros que trazia na mala. Ao menos, deixaram-me o passe", denunciava.
Como muitos, as quatro amigas tiveram que "espreitar" pelas vidraças do Pavilhão para tentar vislumbrar os ídolos. Lá dentro, o Rosa Mota estava cheio como um ovo. E, uma hora depois do espectáculo começar, continuavam a chegar pessoas que garantiam ter bilhete. Nessa altura, Salvina ainda descansava, sem pressas, numa sombra: "Tenho que caber lá dentro, furo tudo, nem que vá para a zona VIP".