O fim de bairros de lata, como o 2º Torrão, na Trafaria, ou nas Terras da Costa, na Costa da Caparica, onde centenas de famílias vivem em condições indignas, é o tema que tem dominado a campanha eleitoral no concelho de Almada.
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O executivo PS, que tenta reeleger Inês de Medeiros para o cargo de presidente, aprovou no início de 2020 o regulamento para a atribuição de casas em Almada, que não existia até então, e anunciou investimentos no âmbito da estratégia local para a habitação. Tratam-se de investimentos da autarquia e acordos com o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), ao abrigo do programa "1.º Direito" que apontam para a construção de novas casas, como no Monte da Caparica e a reabilitação de outras até 2029.
A CDU, por Maria das Dores Meira, que liderou a Câmara de Setúbal durante três mandatos, critica a falta de investimento em Almada nos últimos quatro anos na área da habitação social e surge com a "garantia" de ter iniciado o realojamento de famílias no bairro de lata de Setúbal, a Quinta da Parvoíce, também em trabalho conjunto com o IHRU, e que está a decorrer atualmente. "Assistimos nos últimos quatro anos a uma enorme regressão na área da habitação", diz Maria das Dores Meira, que acusa o PS de "limitar-se a terminar, e ainda assim com atraso, algumas das obras que tinham sido lançadas pela CDU no anterior mandato".
As candidaturas do PS e CDU reúnem grande parte das preferências do eleitorado de Almada. Nas últimas autárquicas, reuniram mais de 60% dos votos, tendo Inês de Medeiros vencido por 500 votos, valendo aos partidos quatro vereadores cada.
Expulsar para arrendar pelo dobro
O PSD elegeu dois vereadores e volta a apostar em Nuno Matias. O candidato considera que, a par dos fundos estatais para a habitação, deve haver no município uma maior capacidade de atrair investimento privado na habitação e celeridade no seu tratamento. "Projetos que entram no departamento do urbanismo não podem ser arrastados durante três anos", afirma Nuno Matias. "É preciso criar um manual de procedimentos, atribuindo projetos a equipas".
O Bloco de Esquerda tenta reeleger Joana Mortágua. No programa do BE, o principal problema identificado em Almada é a habitação. "O mercado de habitação em Almada está a disparar para valores insuportáveis para as famílias devido à expetativa relacionada com projetos imobiliários turísticos no concelho e em Lisboa", refere a candidata do Bloco, que acrescenta que "há senhorios a expulsar inquilinos para arrendar pelo dobro do preço".
Em julho, a Câmara tinha mais de 500 pedidos de famílias para atribuição de habitação social no concelho, conforme se pode verificar no site da autarquia.
Para além da habitação, também os transportes têm suscitado discussão, com todas as candidaturas a afirmarem que a expansão do Metro Sul do Tejo para a Costa da Caparica é uma prioridade para o próximo mandato, considerando essencial o diálogo com o Governo.