<p>Um homem de 57 anos sofreu queimaduras graves, em mais de metade do corpo, provocadas pelo incêndio urbano que ontem lhe destruiu o barraco onde costumava passar a noite, sozinho, na aldeia de Moçâmedes, Vouzela.</p>
Corpo do artigo
José Lopes, solteiro, acordou às quatro horas da manhã com a enxerga em chamas. A roupa que tinha no corpo também já estava a arder. Apesar da dor e da aflição, relatam os vizinhos, ainda conseguiu sair de casa - quatro paredes em pedra e tijolo sem luz e água - e subir cerca de 30 metros da calçada que liga à estrada principal.
"A minha filha foi acordada pelo clarão das labaredas e pela explosão de uma botija de gás. Chamámos logo os bombeiros. Quando cheguei à rua, numa altura em que chovia torrencialmente, vi o pobre Zé caído na valeta. Estava num estado deplorável. A roupita colada ao corpo e todo preto", relata a vizinha Joaquina Marques.
A vítima foi transportada para o Hospital de S. Teotónio e dali transferida para Coimbra. "Apresentava queimaduras graves em mais de 60% do corpo", disse ao JN Joaquim Tavares, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vouzela.
A utilização de velas para alumiar a casa, de dia e de noite, é uma das causas prováveis do incêndio. "Os vizinhos dizem que como não tem energia em casa, ele usava as velas para tudo. É provável que uma delas tenha caído e pegado fogo", explica Joaquim Tavares.
José Lopes vive com cerca de 150 euros que recebe da Segurança Social. Há menos de um ano foi atropelado. "Agora ficou sem o barraco e nem a roupa que tinha no corpo se aproveita", lamenta a vizinha Maria Pereira.
"Esperamos que se salve de mais esta prova dura na sua vida. É pena que não se deixe ajudar como gostaríamos", acrescenta José Manuel, um dos sobrinhos.