<p>Até quarta-feira toda a zona ribeirinha do Peso da Régua deve ficar limpa da lama e lixos diversos arrastados pela última enchente do rio Douro. Os estabelecimentos também tentam regressar à normalidade depois de três meses encerrados.</p>
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O empresário Luís Medeiros, que gere o Bar do Cais desde 2004, traz os seus funcionários envolvidos nos trabalhos de limpeza, recolocação de estruturas e equipamentos no estabelecimento. Está encerrado desde finais de Dezembro, quando as águas do rio lhe entraram porta adentro, acabando por quase submergir o bar.
Depois da tempestade veio a bonança e o empresário iniciou, no final de Janeiro, algumas obras no estabelecimento com o intuito de o reabrir. Porém, na última semana de Fevereiro os caprichos da natureza impuseram-se à vontade dos homens e eis que o rio voltou a subir. Desta vez submergiu por completo o bar e ficou a dois metros de confirmar a cheia, que, segundo os entendidos, só o é quando a água chega à Avenida João Franco e inunda as lojas e residências aí situadas.
Depois de ver acalmar o tempo, desejando que São Pedro dê algumas tréguas, Luís Medeiros perspectiva agora reabrir o bar no próximo sábado. Até lá, "muito trabalho" para desmontar e recolocar tudo como estava.
Muitos prejuízos
Os prejuízos são muitos, pois "todo o recheio" corre por sua conta. Os estragos no imóvel são responsabilidade do senhorio, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, e do qual o empresário espera alguma atenção "em função da situação de calamidade", como classifica os meses que o bar leva encerrado.
Ainda sem contabilizar os prejuízos, arrisca falar em "algumas dezenas de milhares de euros". O bar não trabalhou mas manteve os 12 funcionários.
"Eu não posso dispensar pessoas que lidam comigo todos os dias e de quem vou precisar no dia de amanhã". Por isso, dividiu-os pelo restaurante e por outro bar que tem na cidade.
Enquanto Luís Medeiros trata de repor a normalidade no Bar do Cais, uma dúzia de bombeiros da corporação local e quatro elementos da Câmara Municipal tratam de limpar toda a frente ribeirinha do Peso da Régua. Cerca de três quilómetros de extensão. Um trabalho que já começou na passada quarta-feira e que o comandante dos voluntários reguenses, António Fonseca, só calcula concluir na quarta-feira da semana que vem.
"Sobretudo, temos muita lama. Em algumas zonas mais de um palmo dela", resume.
Nos trabalhos estão a ser utilizados os carros auto-tanques de combate a incêndios, pois "as moto-bombas são obsoletas".
De resto, a falta de equipamento adequado para este serviço é uma das dificuldades com que o comandante se depara. Pior que isso é o "estacionamento abusivo por parte de algumas pessoas". António Fonseca queixa-se que, apesar de alguns automobilistas verem que estão a ser desenvolvidos trabalhos de limpeza, teimam em deixar as viaturas em zonas onde ainda há lama, obstaculizando o andamento dos trabalhos.
O outro estabelecimento situado no cais da Régua está concessionado à Associação Amigos Abeira Douro não registou tantos prejuízos como o bar, uma vez que foi encerrado e esvaziado quando, em Dezembro, surgiu o primeiro alerta de cheia. Na altura, o presidente da colectividade, Manuel Mota, revelava que "o único prejuízo é ter a loja fechada".