Sede do concelho contrasta em termos de desenvolvimento com as zonas mais rurais que sentem a falta de equipamentos públicos e transportes.
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A Maia é citada frequentemente como uma das cidades com melhor qualidade de vida ou das melhores cidades para viver, mas o certo é que este concelho composto por dez freguesias tem-se desenvolvido a várias velocidades e as assimetrias são evidentes entre a sede do Município e as freguesias e localidades mais rurais.
Falta de equipamentos públicos, insuficiente oferta de transportes públicos, arruamentos e passeios a precisar de obras e parca oferta cultural são queixas de alguns eleitores que os candidatos a estas eleições conhecem e reconhecem.
"Gosto muito da nossa cidade, mas a verdade é que tem sido sempre tudo para a Maia", diz Maria José Gomes, residente no Castêlo da Maia e que se queixa de uma queda sofrida num passeio a caminho do talho "por causa do passeio estar todo partido".
A amiga Arminda Sá que reside em Cidadelhe confirma e dá o exemplo do mercado local cujo piso "há muitos anos precisa de obras". Também aqui as quedas são frequentes e não poupam os próprios comerciantes. "Parece que finalmente vão fazer aqui obras. Mas essa também é uma promessa que já tem anos!", conta Maria Joaquina.
As queixas das necessidades são comuns a todas as freguesias mas são naquelas localizadas mais a nascente, já na confluência com os municípios da Trofa, Santo Tirso e Valongo, que a falta de investimento é mais acentuada.
Falta de transportes
"Nota-se uma diferença mais ao nível da oferta de comércio e dos transportes. Não há aqui, por exemplo, um grande supermercado. A verdade é que também isto é calmo, não se passa nada", explica Olindina Monteiro, de 68 anos, gerente de um café junto à Igreja de Folgosa. Andou emigrada pelo mundo, mas diz que não troca a freguesia onde nasceu por nenhum outro lugar.
O tempo parece não passar em Folgosa, ao contrário da sede do concelho com o típico ambiente citadino, o barulho do tráfego automóvel, do metro à superfície, do forte comércio local e das esplanadas cheias de clientes. "Transportes há poucos. Por isso aqui toda a gente tem carro", acrescenta Olindina. Carências ainda mais sentidas, nomeadamente a falta de transportes públicos, em zonas como Silva Escura, Barca ou Vilar de Luz.
A menor densidade populacional destas freguesias e o menor número de grandes eixos rodoviários em comparação com as mais urbanas Moreira, Castêlo ou Águas Santas pode ser uma explicação para a falta de interesse, tantos das entidades públicas como os operadores privados em investir. "O estado da via pública e passeios para mim é o maior problema das freguesias longe do centro. Basta andar pelo Castêlo mas também por Godim e Mandim para ver a degradação a que chegaram as nossas ruas", diz Domingos Gonçalves.
De acordo com os resultados preliminares do censos deste ano, a Maia teve uma pequena perda de população face a 2011, concretamente menos 0,3%. O total de habitantes no município é de 134 959 e o número de eleitores que poderão votar nas próximas eleições autárquicas, a 26 de setembro, ultrapassa os 114 mil.
Como pretende resolver as assimetrias e diferenças entre o centro da cidade da Maia e as restantes freguesias?
António Silva Tiago, candidato PSD-CDS/PP
Dizer que existem assimetrias e diferenças de desenvolvimento entre o centro da cidade da Maia e as restantes freguesias é demonstrar desconhecimento da realidade. Para mim, a Maia é um território que se tem desenvolvido de forma harmoniosa, coesa e sustentável, mercê de planeamento rigoroso, investimento responsável e dirigido às diferentes necessidades de cada parcela do território e das populações.
Francisco Vieira de Carvalho, candidado PS/JPP
A governação local deve priorizar a implementação de políticas públicas integradas com a finalidade de atenuar as assimetrias de desenvolvimento concelhio. A criação de níveis funcionais de excelência da rede de transportes, das condições e modos de mobilidade, da localização dos equipamentos coletivos, das áreas industriais e empregadoras e das atividades de lazer, é a estratégia mais acertada.
Alfredo Maia, candidato CDU</strong>
A CDU defenderá um plano geral de requalificação urbanística, incluindo arruamentos, praças e passeios; um programa de apoio à reabilitação do edificado, especialmente em zonas degradadas; e a cobertura de todo o território com transportes coletivos com horários adequados às necessidades, especialmente o acesso à sede do concelho, aos centros de saúde e equipamentos culturais e de lazer.
Silvestre Pereira, candidato BE
Constatamos que em termos de mobilidade a realidade do centro é bem diferente e muitas vezes penosa para quem diariamente e por necessidade o tem de fazer. O metro não chegar a Águas Santas e Pedrouços e daí para o Porto, provoca constrangimentos no desenvolvimento destas freguesias onde a perda de população é evidenciada pelo Censos 2021. São inaceitáveis ainda as carências de equipamentos de saúde.
João Borges, candidato PAN</strong>
O grande problema são os transportes públicos em localidades mais afastadas como S. Pedro de Fins, Folgosa ou Barca. Quem trabalhar por turno não tem transporte à noite e, mesmo durante o dia, só há transportes de hora a hora, o que é um problema para pessoas com mais idade. O transporte público para estas zonas devia até ser gratuito com uma carreira específica. Há zonas onde nem centros de saúde há.