Em 2018, Daniel Rodrigues assinou uma reportagem fotográfica sobre tours de bicicleta para o jornal nova iorquino New York Times, e percebeu que também gostaria de pedalar, um dia, numa grande viagem em duas rodas. Está a fazê-la, desde junho, por 11 países africanos.
Corpo do artigo
A pandemia de covid-19 adiou-lhe os planos, mas, no final do ano passado, pensou em “ligar o projeto à parte ecológica”, e surgiu-lhe a ideia de fazer a travessia do continente africano numa bicicleta elétrica, com o objetivo de alertar para as alterações climáticas.
“Desde há muito tempo que tento juntar a fotografia e a reportagem à aventura, e percebi que a melhor maneira de conhecer África é de bicicleta”, conta o fotojornalista que, em 2013, venceu o conceituado prémio de fotojornalismo World Press Photo, na categoria Vida Quotidiana, com uma fotografia que fez na Guiné-Bissau quando participava na Missão Dulombi, de cariz humanitário.
Daniel voltou agora a partir rumo a África, mas, desta vez, para cruzar 11 países a pedalar, desde a Cidade do Cabo, na África do Sul, até ao Cairo, no Egito, num total de cerca de 14 mil quilómetros. Iniciou a viagem em junho, e prevê regressar à Póvoa de Varzim, onde vive, daqui a sete meses, com a tripla missão cumprida: viver dias de aventura, fotografar e chamar a atenção para os problemas ambientais.
“Todos estamos a viver mudanças drásticas no clima, mas não basta falar, que é o que todos fazem – toda a gente diz que é preciso fazer alguma coisa, mas pouca gente faz. E é preciso fazer alguma coisa”, apela o fotógrafo, que quer “tentar ser a primeira pessoa a fazer o trajeto [pelo território africano] de bicicleta elétrica”.
“O objetivo é atravessar África de bicicleta elétrica para incentivar as pessoas a utilizar este meio de transporte. Se consigo atravessar África neste veículo, qualquer pessoa pode muito bem ir para o trabalho de bicicleta elétrica e reduzir a pegada ecológica”, compara Daniel Rodrigues, que fez questão que o projeto “fosse totalmente português”.
Para isso, tratou de “procurar uma bicicleta que fosse 100% portuguesa”. Encontrou-a em Serzedo, Gaia, onde se fabrica a “Beeq”. “Fui à fábrica bater à porta”, recorda o fotojornalista, que ao longo da viagem irá publicando nas redes sociais algumas fotos e apontamentos da aventura.