O processo de eventual desagregação na União de Freguesias de Geraz do Lima (Santa Maria, Santa Leocádia e Moreira), e Deão em Viana do Castelo, não está a ser pacífico.
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Um dos territórios agregados, Santa Leocádia, está a pedir para sair, mas a assembleia de freguesia recusou com o argumento que o pedido não tem enquadramento na lei, e que, além disso, aquele agrupamento de quatro freguesias iniciado com "a lei Relvas" há quase uma década não reúne critérios para extinção. Santa Leocádia não abdica de lutar pela desagregação, e o assunto foi hoje discutido em reunião de Câmara Municipal de Viana do Castelo (PS), no âmbito de um pedido de parecer sobre o processo. O mesmo com carácter "facultativo" e que considera "ilegal" a pretensão daquela freguesia, foi aprovado por maioria pelo executivo de maioria socialista, com abstenção do PSD, CDS-PP e CDU.
"Eu hoje sinto-me, não um português, mas um ucraniano num território ocupado, que é o caso da nossa freguesia", disse um habitante de Santa Leocádia, Fernando Barros, perante o executivo, no período após a reunião concedido ao público para intervir. "Não vamos baixar os braços", disse.
Antigo autarca da freguesia e atualmente membro da assembleia de freguesia, Carlos Torres, declarou que integrar a União nunca foi vontade da população. "Iniciamos agora o processo de acordo com a lei que saiu. Assumimos esse compromisso perante a comunidade", afirmou, apontado "contradições" à legislação, quanto à possibilidade de a desagregação "poder dar origem a novas ou diferentes freguesias". Defendeu que "a interpretação da lei deve ser feita por quem a fez".
O presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, declarou aos jornalistas, após reunião do executivo, que o que está em cima da mesa "é uma situação formal, que no nosso entendimento, no da CCDR-Norte e dos nossos serviços jurídicos, a proposta não pode obter da Câmara um parecer positivo porque não cumpre todos os critérios que estão estabelecidos no período transitório que é até ao final de dezembro de 2022".
"Esta não é uma decisão política", sublinhou o autarca, adiantando que a seu tempo tomará uma posição de caráter político sobre a desagregação de freguesias. A Carlos Torres, ainda durante a reunião de câmara, Luís Nobre considerou a reforma administrativa levada a cabo em 2012/2013, "uma maldade", que agora pode ser "trabalhada através do novo regime jurídico que foi criado e que até agora não existia".