O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, estimou em 55 milhões de euros os prejuízos materiais nos bens privados e públicos no concelho provocados pelos incêndios.
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O autarca falava em conferência de imprensa para fazer um balanço da dos incêndios no Funchal, que consumiram uma área superior a 500 hectares, mencionando que vai apresentar este primeiro levantamento de danos materiais na reunião que terá hoje com o primeiro-ministro, António Costa.
Chamas consumiram uma área superior a 500 hectares
Segundo o responsável, neste primeiro levantamento feito em conjunto com as juntas de freguesia existem 208 edifícios públicos e privados afetados pelos fogos no concelho, estando 105 totalmente destruídos e 103 com danos parciais.
"Ainda não está apurada uma freguesia, São Gonçalo, onde ainda há uma frente ativa, São João Latrão", referiu, apontando que a primeira estimativa de custos foi feita por georreferenciação.
"Calculamos que são 32 milhões de euros para a recuperação dos edifícios [privados] afetados", disse Paulo Cafôfo, acrescentando que também se registam estragos em equipamentos e bens do município, como rede de água, estradas, escarpas, Parque Ecológico do Funchal e equipamentos dos bombeiros, avaliados em 23 milhões de euros.
Vamos com certeza pedir ajuda ao Governo da República, mas também à União Europeia
Paulo Cafôfo destacou que situações extraordinárias exigem "soluções extraordinárias", pelo que vai pedir ajuda a António Costa em relação à totalidade do valor dos danos.
"E vamos com certeza pedir ajuda ao Governo da República, mas também à União Europeia. Todas as fontes de financiamento e verbas que possam ser canalizadas para a recuperação e para a normalização da vida das pessoas, vamos exigi-las e requerê-las", declarou.
O autarca defendeu que esta ajuda deve ser canalizada "o mais rápido possível", pelo que vai exigir que "haja celeridade e que não se percam nos gabinetes, na burocracia, porque a vida tem de continuar".
Paulo Cafôfo salientou que a situação financeira do município do Funchal "é difícil", pelo que não pode acudir a todas as necessidades decorrentes desta tragédia.
Os incêndios que deflagraram na segunda-feira do Funchal - e que continuam a afetar a ilha da Madeira - provocaram três vítimas mortais e cerca de mil desalojados provisórios.
Cerca de 260 pessoas em centros de acolhimento
Permanecem nos centros de acolhimento cerca de 260 pessoas provisoriamente desalojadas na sequência dos incêndios.
Devido aos vários fogos que fustigaram o Funchal, cerca de mil pessoas tiveram de ser retiradas das suas habitações, de dois hospitais, dois lares de idosos, duas clínicas e duas unidades hoteleiras, tendo ficado alojadas no Regimento de Guarnição n.º3 (quartel) e em várias instituições em São Martinho.
O autarca Paulo Cafôfo salientou que algumas destas pessoas poderão regressar às suas habitações depois de efetuadas as vistorias para aferir a segurança, mas sublinhou que terão de ser encontradas soluções para os moradores de casas que ficaram totalmente danificadas.
O responsável salientou que a solução tem de ser encontrada em conjunto com o Governo Regional da Madeira, podendo passar pelo mercado de arrendamento e pelo parque habitacional social, que neste momento não tem muita capacidade de resposta.
Gabinete de Emergência Social
A Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais da Madeira informou que já está em funcionamento o Gabinete de Emergência Social para acompanhar as famílias que foram afetadas pelos incêndios que fustigam a região, desde segunda-feira.
Existe o polo da Nazaré, na avenida do Colégio Militar, destinado às famílias oriundas dos centros de acolhimento; o polo da sede da Investimento Habitacionais da Madeira (IHM), na rua Pestana Júnior, para as famílias que estão alojadas em casa de familiares, amigos e vizinhos; e o polo da Segurança Social, na rua Elias Garcia, reservado a todos os que necessitem de apoios sociais.
Apoio de 550 mil euros
O presidente do Governo Regional da Madeira anunciou que o Banco Santander Totta vai atribuir à região autónoma um apoio de 500 mil euros para a reconstrução das áreas danificadas pelos incêndios.
O governante explicou que parte da verba vai ser aplicada imediatamente numa conta do Instituto de Habitação da Madeira e sublinhou que o realojamento das vítimas vai iniciar-se já esta tarde. "Já estamos numa fase de reconstrução", salientou Miguel Albuquerque.
Produtores de cereais enviam 18 toneladas de palha para os animais
A Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC) anunciou que vão seguir para a Madeira 18 toneladas de palha para auxiliar na alimentação dos animais, afetados pelos incêndios na região.
"Nesta fase muito difícil, é uma ajuda de emergência", realçou à agência Lusa José Palha, presidente da ANPOC, associação sediada em Évora e que representa os produtores de cereais a nível nacional.