<p>Funcionários da Câmara de Valongo estão a receber, em casa, cartas de Afonso Lobão, candidato do PS à Autarquia e já apresentaram queixa. O candidato diz que as moradas foram recolhidas ao longo dos últimos meses. </p>
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A questão foi levantada durante a reunião pública de ontem por António Gomes, vereador da Oposição, que terá recebido uma das cartas. O presidente da Autarquia, Fernando Melo, foi colhido de surpresa, mas, soube-se depois, outros funcionários da Câmara já haviam recebido cartas idênticas e participado o facto à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD).
"Vamos iniciar um processo de averiguações interno, mas irá ser muito difícil apurar se alguém teve acesso à base de dados da Autarquia, onde constam as moradas de todos os funcionários ou se as obteve através de outros serviços públicos. Até porque há trabalhadores nossos que moram no Porto e receberam a carta. O facto vai, igualmente, ser comunicado à CNPD", afirmou Fernando Melo.
O autarca recordou que a própria Câmara foi punida há alguns anos porque enviou "convites para casa de pessoas nossas conhecidas". "Houve uma denúncia e tivemos de pagar à época 900 contos (cerca de 4500 euros)", recordou Fernando Melo.
Afonso Lobão mostrou-se surpreendido com a polémica e esclareceu que "há meses que a candidatura anda a recolher elementos, o que não é crime".
"Não tivemos acesso a nenhuma base de dados. E, ao contrário do que insinuam, só tenho recebido palavras de incentivo de funcionários, que até ficaram contentes", afirmou o socialista.
O candidato do PS à Câmara de Valongo defendeu, também, que "seria correcto a Autarquia disponibilizar os contactos dos seus funcionários. Qualquer candidato, por uma questão ética, deveria informar os funcionários de quais são os seus propósitos", referiu.
"A carta está escrita com elevação e dá conta dos meus propósitos e da forma como me pretendo relacionar com os funcionários quando for eleito. O presidente deveria estar mais preocupado com outras coisas", afirmou.
Recorde-se que, no final do ano passado, polémica semelhante se instalou em Matosinhos. A dirigente de uma empresa municipal foi acusada de ter fornecido dados sobre moradores dos bairros sociais para, alegadamente, serem utilizados por uma candidatura.