Funcionários da Câmara trocam remuneração por folgas

São duas dezenas de homens e mulheres distribuídos por vários sectores e com diferentes funções na autarquia. Solidários com as dificuldades económicas que a região atravessa, optaram por colaborar na montagem e manutenção das Festas do Município, que estão a decorrer desde quarta-feira e até domingo, sem cobrarem a remuneração extraordinária a que teriam direito.

“Nas festas da vila é a primeira vez que isto acontece. Mas noutros eventos, nomeadamente na preparação da Feira do Vinho do Dão, já temos contado com idêntica solidariedade dos nossos funcionários. É uma forma de colaborarem com o município em tempo de contenção de despesas”, explica o vereador Osvaldo Seixas.

A disponibilidade para trabalhar em dias e horas de descanso não se limita a eventos pontuais. “Mesmo fora das festas, os colaboradores da autarquia têm esta receptividade. Aos fins-de-semana, se rebenta uma conduta de água, os trabalhadores acorrem a solucionar o problema sem reclamar horas extraordinárias”, acrescenta Osvaldo Seixas. Que, anteontem, na abertura do certame, não regateou elogios aos trabalhadores municipais.

A presidente da autarquia, Isaura Pedro, tem uma explicação para a “solidariedade” dos trabalhadores. “Quando assumi a presidência, fiz questão de integrar no mapa de pessoal os colaboradores que estavam contratados alguns há nove anos. Uma questão de justiça. Hoje têm estabilidade e, se calhar,  esta é a forma de o reconhecerem”.

A autarca garante que a solidariedade é recíproca e que os funcionários não saem prejudicados. “O seu trabalho é muito valorizado pela autarquia. De resto, quando precisam de ir a um médico, por exemplo, as portas estão sempre abertas. O trabalho extraordinário é trocado por folgas”.

Isaura Pedro considera que a atitude dos trabalhadores do município é louvável. “Gestos como estes são cada vez mais raros. E, nestes tempos difíceis, considero que são um exemplo a nível nacional”.