Os funcionários da fábrica de calçado de Boim, em Lousada, que se mantinham, há duas semanas, à porta da empresa, desmobilizaram esta terça-feira à noite, depois de terem sido trocados os alarmes das instalações e de o administrador de insolvência da Sioux Portuguesa ter dado garantias de que todos recebem os papéis para o fundo desemprego até terça-feira da próxima semana
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. O processo de insolvência segue agora os trâmites legais. Os trabalhadores, que já desmontaram a tenda de lonas que os abrigou, realizam esta noite ainda um momento de despedida.
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"Só o administrador de insolvência e outros dois colegas terão acesso à fábrica. É um alívio acabar este inferno", garante Paulo Santos, ex-funcionário, que passou 15 noites à porta da empresa para salvaguardar o património.
"Hoje tivemos a garantia de que todos vão receber os papéis para o fundo desemprego até à próxima semana. Alguns já receberam hoje (ontem). Também vamos ativar o fundo de garantia a ver se recebemos alguma coisa", explica Liliana Ribeiro, também ex-trabalhadora da fábrica. "As pessoas já choram emocionadas. Para algumas foram 30 anos aqui. Precisamos de nos libertar deste peso e começar a pensar no futuro", adianta.
Segundo o administrador de insolvência, Jorge Fialho Faustino, o processo de insolvência que deu entrada na semana passada segue agora os trâmites legais. Decorre ainda a fase em que os credores podem reclamar créditos, o que os funcionários têm também de fazer. Sobre a troca de alarmes disse apenas que estavam a tomar "as medidas necessárias para salvaguardar os interesses dos credores e proteger os bens". "Até terça-feira, no limite, já todos terão os papéis para acionar o desemprego", garante.
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Recorde-se que a incerteza dos funcionários durava há duas semanas. Para protegerem o património acamparam, por turnos, à porta da fábrica de calçado, de noite e de dia, até lhes serem dadas garantias. Esperam agora poder seguir com as suas vidas.