Diana Ferreira lidera a candidatura da CDU à autarquia gaiense e assume ter "posição firme" sobre a reversão do modelo territorial, da qual não abdicará
Corpo do artigo
Exerce funções como deputada em Lisboa, mas continua ligada a Gaia, onde residiu e teve grande parte da sua vivência. É a cabeça de lista da CDU à autarquia gaiense e antecipa que, se depender do PCP e os critérios legais o possibilitarem, o concelho voltará a ter 24 freguesias, como sucedia antes da "Lei Relvas".
Que balanço faz a CDU do mandato do PS?
Há opções tomadas que não tomaríamos. Há problemas persistentes que devem ter resposta e deve ouvir-se a população. Na Cultura, por exemplo, temos a Bienal e o Marés Vivas, mas é preciso ir para além destes eventos.
Reivindicar é um dos lemas da CDU...
Importava continuar a contestação à transferência de competências do Estado, pois trará problemas e encargos para as autarquias. É também algo que nos afasta deste Executivo camarário. E falando do território e das freguesias, a CDU nunca esteve de acordo com a extinção e defendíamos que deviam ter sido repostas a tempo destas eleições. Somos da opinião que Gaia deve voltar a ter 24 freguesias. Deve ser esse o caminho a seguir. É uma posição muito firme que aqui assumimos. Também não esquecemos o tema da regionalização, da criação de regiões administrativas, pois com esta atribuição de competências aos municípios não há uma efetiva descentralização.
Sobre os transportes, o que há a dizer?
A valorização e implementação do passe único é bastante importante. A CDU propôs isso várias vezes. Mas em Gaia a cobertura da rede é insuficiente. Os autocarros dos operadores privados muitas vezes andam cheios. É preciso alargar a oferta e a STCP deve ter um plano nesse sentido. Não basta servir o centro. Ainda na mobilidade, defendemos a eliminação dos pórticos nas ex-scut. Prejudicam empresas e famílias.
Para a habitação, qual é o caminho?
O programa 1.º Direito está longe de satisfazer as necessidades. Deve haver o alargamento da oferta municipal e as autarquias têm que exigir que o Estado cumpra as suas obrigações. A especulação e o turismo desenfreado tiraram os moradores da beira-rio. Foram expulsos e nunca mais regressaram. Perdeu-se essa caraterística local. É preciso combater a especulação imobiliária. Não é aceitável que se peça por um T1 650 euros/mês ou por um T3 1200 euros.
Para a Ação Social também há propostas?
Dar resposta à terceira idade e às creches são questões prementes. Deve haver uma rede pública de lares e de creches. A CDU já o propôs na Assembleia da República. Isto, sem prejuízo da complementaridade das IPSS.
Quanto aos espaços públicos, desagrada-lhes o estado da serra de Canelas?
Estão a colocar lá lixo que não deve ser ali depositado. Tem que haver uma intervenção para que isso acabe. Devem ser tomadas medidas para o usufruto da natureza.
Objetivo eleitoral?
Temos vontade e disponibilidade para o regresso ao Executivo municipal. Sempre que a CDU está numa vereação, marca a diferença pela capacidade de reivindicar e pela apresentação de propostas. Tem um projeto distintivo.
Diana Ferreira
Idade: 40 anos;
Profissão: Licenciada em Psicologia;
Residência: Cedofeita, Porto;
Família: União de facto, sem filhos;
É deputada na Assembleia da República, pelo PCP. Integrou a Assembleia Municipal de Gaia, primeiro em regime de substituição (2009-2013), depois por eleição (2013-2017). Também foi eleita para a assembleia da União das Freguesias de Gulpilhares e Valadares (2013-2017). Fez parte da direção nacional da JCP e é membro da Concelhia de Gaia do PCP.