Travessia incluída na futura Linha Rubi do metro demorará três anos a construir. O JN convida os leitores a participarem na escolha do nome.
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Há desenho e projeto aprovados, mas continua a faltar um nome para a futura sétima ponte sobre o Douro. Por isso, o Ministério do Ambiente, que tutela a Metro do Porto, as câmaras do Porto e de Gaia e o "Jornal de Notícias", abrem as portas deste processo e convidam os leitores a participar nesta escolha. Sem a travessia seria impossível construir a Linha Rubi do metro, entre a Casa da Música, no Porto, e Santo Ovídio, em Gaia, mas além do papel que terá na mobilidade da Área Metropolitana, a ponte vai "aproveitar a oportunidade" e "regenerar" as zonas que os pilares vão ocupar nas duas cidades. Chegar ao projeto final "não foi propriamente difícil", mas, como em todos os processos, "houve hipóteses falhadas", admite o arquiteto José Carlos Oliveira, do gabinete NOARQ. O trabalho tem ainda a assinatura do engenheiro Filipe Vasques, do Laboratório Edgar Cardoso, e do engenheiro Miguel Sacristán Montesinos, do grupo espanhol Arenas & Associados.
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A fase inicial prolongou-se por cerca de três meses, mas construir a infraestrutura "levará três anos, com seis dias de trabalho por semana e equipamento e pessoal especializados", nota Miguel Sacristán. O maior desafio para Filipe Vasques será o processo construtivo. E, à boleia dele, Gaia ganhará um novo parque urbano. Ao invés da criação de uma estrutura comercial ou cultural na encosta da Rua do Cavaco, nascerá um percurso verde com ligação entre a cota baixa e a cota alta.
"Vamos criar um parque miradouro naquele hiato entre o bairro social da Rua do Cavaco e o edifício de habitação da marginal, permitindo também às pessoas fazerem a ligação de forma rápida, através das escadas até às cotas altas da encosta, com um percurso de mobilidade total e mais extenso com movimentos em ziguezague com pendentes à volta dos 8%", explica José Carlos Oliveira.
Elevador até Massarelos
Do outro lado do Douro, na envolvente do pilar que ocupará o lugar da atual bomba de combustível da Repsol na Rua do Ouro, nascerá "uma praça" com ligação por elevador à Rua do Bicalho e ao bairro de Massarelos.
"Decidimos instalar um elevador que levasse as pessoas de forma imediata a essas duas cotas", justifica José Carlos Oliveira, para facilitar a rotina diária das populações ali residentes, que utilizam os serviços existentes na marginal, e "têm de fazer uma grande viagem". A par do elevador, serão também instaladas escadas, mas o objetivo é criar "um espaço público onde [as populações] podem estar durante o dia, levar o cão ou as crianças a brincar um bocado" e os turistas "olhar para o rio, de uma forma sossegada e eventualmente sentados numa mesa, sem estarem necessariamente à borda da estrada".
Surge, entretanto, uma questão de segurança para resolver: "Para que as pessoas não trepem as estruturas da ponte, surge um espelho de água à volta dos pés do arco". José Carlos Oliveira repara que não é "um elemento decorativo, mas sim uma forma de evitar gradeamento, que iria causar um empecilho visual anexo à praça". Filipe Vasques destaca, no trajeto inicial da equipa, "o desafio em termos de colocação dos apoios" da ponte no Porto, pela densidade do território. "Tem sido uma grande aventura".
Hoje, o projeto da ponte traduz-se, para Miguel Sacristán, numa "solução muito técnica e complexa". Mas o engenheiro admite estar "feliz" com o resultado: "É uma ponte singular, com linhas simples". "Temos a experiência. Construímos uma muito semelhante na Extremadura. Tinha 380 metros de vão e esta terá 400. Sabemos que é difícil mas que é possível e como fazê-lo", reforça.
As polémicas
Memória de Agustina, críticas de moradores e processo suspenso
A inserção da ponte no Porto motivou muitas críticas, quer de moradores de Massarelos, quer de Mónica Baldaque, filha de Agustina Bessa-Luís, contestando a destruição de memórias que inspiraram a obra da mãe e temendo os impactos na casa onde viveu a escritora. A Faculdade de Arquitetura também se juntou aos protestos. E o próprio concurso não escapou à polémica, tendo sido contestado judicialmente por Adão da Fonseca. O engenheiro, excluído da fase final, apresentou uma ação em tribunal que suspendeu o procedimento. Após quatro meses, o efeito suspensivo foi levantado e, em março do ano passado, a Metro adjudicou, por 1,12 milhões de euros, a conceção do projeto ao consórcio entre o gabinete de arquitetura NOARQ, o Laboratório Edgar Cardoso e o grupo Arenas & Associados. Meses mais tarde, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, dizia ter dúvidas quanto à necessidade da travessia.