Especialistas pedem travessias à cota baixa para peões entre o Porto e Gaia. Novo tabuleiro do metro permitirá aliviar Linha Amarela e Arrábida.
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Seria um exercício impossível de adivinhação imaginar o número de pontes que ligarão, em 100 anos, as margens do Douro, entre o Porto e Gaia. A certeza é uma: o trabalho nunca estará terminado. A sétima travessia, para o metro, está aí à porta, mas "há sempre mais uma ponte na cabeça de quem planeia as cidades", garante Paula Teles, especialista em mobilidade. E, aliás, nota Álvaro Costa, engenheiro civil e especialista em transportes, "se as pontes estão congestionadas, quer dizer que são precisas mais". Até porque, acrescenta, "a relação entre as duas cidades está a aumentar" e são "as pontes à cota alta que garantem a grande conetividade entre as zonas mais densas".
Atualmente, à cota baixa, só existe a travessia do tabuleiro inferior da Ponte de Luís I. Mas Paula Teles acredita "que ainda haveremos de ter uma ponte pedonal". Adão da Fonseca, engenheiro civil e autor da Ponte do Infante, considera mesmo serem precisas "mais travessias à cota baixa".
Para já, é na nova Linha Rubi que vai nascer a sétima ponte sobre o Douro, para a qual o JN, as câmaras do Porto e de Gaia, o Ministério do Ambiente, que tutela a Metro, desafiam os leitores a escolher um nome. Entretanto, as duas cidades deverão ver nascer uma oitava travessia, com um tabuleiro superior para receber o TGV e um à cota baixa para o trânsito rodoviário.
Ligação "fundamental"
A nova ponte do metro, entre o Campo Alegre, no Porto, e a Arrábida, em Gaia, com ciclovia e percurso pedonal, "agrafará" mais uma vez as margens do rio, metaforiza Paula Teles, acreditando que as futuras travessias também não servirão os carros: "Já foi tempo de fazer pontes para a rodovia".
Álvaro Costa, considerando a nova ponte como um elemento "fundamental" para a mobilidade da Área Metropolitana do Porto, nota que o objetivo é "não só aliviar a Linha Amarela [que está congestionada], mas também as pontes rodoviárias".
Para Paula Teles, atualmente, "a ponte com maior capacidade [rodoviária] é a do Freixo". Mas mesmo nessa, nota Álvaro Costa, "o trânsito tem estado congestionado". Para isso estar a acontecer, explica, é porque a da Arrábida "congestionou antes". "É nesse aspeto que a nova ligação de metro vai melhorar muito a mobilidade na zona ocidental", reforça.
Também Adão da Fonseca garante que serão precisas mais pontes. "Não estou a dizer que se façam todas a correr, mas serão precisas até pelo desenvolvimento económico. E será importante, objetivamente, ter mais uma à cota baixa", observa o autor de vários projetos para travessias pedonais que não se concretizaram.
Detalhes
Paula Teles insiste na necessidade de aproveitar a infraestrutura da Ponte Maria Pia para outras utilizações "até do ponto de vista turístico".
A estação de metro de Soares dos Reis, da Linha Rubi, será a mais cara do traçado e também a mais profunda, a cerca de 23 metros abaixo do solo.
Parque urbano em Gaia
À boleia dos pilares da nova ponte do metro, o Porto ganhará uma praça e Gaia um parque urbano, com percursos em ziguezague, até a um miradouro.
Inciativa
Vamos dar nome à nova ponte
Avança no dia 6 de abril a votação para a escolha do nome da nova ponte, em jn.pt. As opções são as indicadas por um grupo de trabalho com personalidades indicadas pelo Ministério do Ambiente, que tutela a Metro do Porto, os municípios do Porto e de Gaia, e pelo próprio JN.