<p>Em Março, uma criança falou, em casa, de alegados abusos sexuais perpetrados por um colega, na EB1 de Formoselha, em Montemor-o-Velho. A "Escola Segura" da GNR foi chamada e denunciou logo o caso ao Ministério Público. </p>
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"A escola deu-nos conhecimento a 20 de Março e, no mesmo dia, informámos o Ministério Público do que se estava a passar. Porque entendemos que a descrição feita continha situações de natureza criminal", disse fonte policial, ontem, ao JN, sem especificar.
De acordo com os encarregados de educação contactados, o aluno, de 9 anos, aproveitaria as idas dos colegas à casa-de-banho para se juntar a eles, forçando-os, então, a práticas sexuais. Entre elas, sexo oral, a julgar pelos relatos de algumas crianças.
"Ele [o presumível autor dos abusos] esperava que as outras crianças fossem à casa-de-banho para ir ter com elas. As vítimas eram rapazes, na sua maioria. Sobretudo do primeiro ano - os mais frágeis, física e psicologicamente. Ele tinha noção da gravidade das coisas, porque ameaçava os miúdos de morte se contassem". Palavras da mãe de uma criança, que só aceitou falar sob anonimato.
O alegado agressor manteve-se na escola até ontem, informou outro encarregado de educação, que também pediu o anonimato. A presença do miúdo, tido como "extremamente agressivo", andava a alarmar as famílias das outras crianças, apesar de a escola ter contratado um vigilante, garante a mesma fonte. "Há pais que andam a tomar calmantes! Não há descanso, não há tranquilidade!".
A mãe atrás referida confirma o recurso a ansiolíticos, bem como o perfil do rapaz supostamente responsável pelos abusos. "É um desconforto, uma tensão constante. Estou sempre a ligar para a escola, para saber se está tudo bem. Esta criança precisa de ser tratada, acompanhada!", sustenta.
As declarações da presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho, Ana Lopes, a outros jornais, em que esta desdramatizava a situação e falava em "brincadeiras", revoltou os encarregados de educação. "A brincadeira é voluntária!" e "É tapar o sol com a peneira!" foram algumas reacções.
O JN quis ouvir Ana Lopes, mas tal revelou-se impossível. A Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) foi, igualmente, contactada. Sem êxito.