Há câmaras que já fecharam piscinas e outras admitem fazê-lo por aumento de custos
Aumento dos custos de eletricidade e de gás põe em causa funcionamento de equipamentos municipais. Medidas de poupança são adotadas de norte a sul.
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A proposta do Governo para que a temperatura da água das piscinas públicas fosse reduzida para os 26 °C, de forma a poupar energia, levou alguns municípios a recomendarem aos utentes a utilização de fatos térmicos, como noticiou o JN na semana passada. Mas há concelhos onde já nem sequer é possível praticar natação, uma vez que o aumento dos custos energéticos levou ao encerramento das piscinas. Acontece em Albergaria-a-Velha, Carrazeda de Ansiães e Moimenta da Beira. E já há outros que equacionam tomar decisões semelhantes, num futuro próximo, caso os custos energéticos não desçam.
Com três piscinas - na sede do concelho, na Branca e em São João de Loure - para um universo de 25 mil habitantes, a Câmara de Albergaria-a-Velha optou por encerrá-las a todas, temporariamente. Em causa estão, segundo tornou público, "os preços do mercado para 2023", quer do gás natural quer da energia elétrica. "O acréscimo em relação ao ano de 2022 será de 880 mil euros, considerando apenas as piscinas municipais", justificou António Loureiro, presidente da Autarquia.
Em Carrazeda de Ansiães, a piscina municipal coberta também já fechou portas. Mas aí, ao "aumento dos custos de energia", junta-se, informou a Câmara, "a escassez de água disponível na albufeira que abastece o concelho". Moimenta da Beira também optou por encerrar as piscinas.
O fecho dos equipamentos dedicados aos desportos aquáticos está a ser, para já, a primeira escolha no que ao corte de despesas diz respeito. Na Pampilhosa da Serra, onde ainda nenhuma infraestrutura municipal encerrou, a Autarquia adiantou ao JN que, "se vier a ser pertinente, irá encerrar temporariamente edifícios que possuem maior consumo energético, como é o caso da piscina municipal". O mesmo acontece em Santa Marta de Penaguião, onde o município avançou que, "eventualmente, poderá ponderar o encerramento das piscinas".
"Todos em risco"
Arganil, Salvaterra de Magos, Sertã e Redondo também não excluem a hipótese de virem a ser obrigados a encerrar edifícios públicos. Tal como Almeida, cujo edil, António Machado, sublinhou que os equipamentos "estão todos em risco de fechar, se continuarem a subir os preços da energia". Em Terras de Bouro, o executivo já decidiu que vai encerrar "algum equipamento municipal, por razões energéticas, estando a ser ultimado qual".
Com os custos energéticos a causarem dificuldades de tesouraria - a Câmara do Seixal, por exemplo, diz que o aumento foi "superior a 300%" -, os municípios desdobram-se em estratégias para evitar o encerramento de edifícios. Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, explicou que foi obrigado "a reorganizar prioridades e a adiar o plano de investimentos para o concelho".
Reativar painéis solares
Em Almodôvar, reduziu-se o horário dos serviços instalados nos Paços do Concelho. Porto de Mós não vai ter iluminação de Natal nas ruas. E Vila Real de Santo António reativou, no complexo desportivo, 85 painéis solares que estiveram desativados durante 16 anos, para permitir reduzir o consumo de gás. Depois, há os que estão a investir em equipamentos energeticamente mais sustentáveis, como Vila Verde nas piscinas, e os que já consomem apenas energia de origem renovável, como o Porto.
Atletas treinam no município vizinho
Os nadadores do Clube Desportivo Campinho, em Albergaria-a-Velha, estão a utilizar as piscinas municipais de Oliveira de Azeméis. E também, pontualmente, a piscina de São João de Loure, que está encerrada ao público em geral. "Essa não é ideal, porque só tem 16 metros, e estamos a usá-la com restrições, como a água com temperatura baixa", explica Sandra Fernandes, presidente do clube, adiantando que tem estado "a tentar resolver a situação com a Câmara, diplomaticamente", apesar dos "transtornos evidentes" que o encerramento das piscinas do concelho causou. "Está tudo bem encaminhado", assegura.