Gaia e Maia fintam pressão imobiliária e crescem em população. Porto começa a recuperar.
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Entre a forte pressão imobiliária, a fraca mobilidade entre concelhos e o aumento do turismo, é o Porto quem mais sofre com a perda populacional, apesar de estar a conseguir quebrar essa tendência. Ainda assim, e apesar da proximidade geográfica, há dois concelhos que se destacam precisamente pelo aumento demográfico: Gaia e Maia. Para as duas câmaras, o segredo está numa estratégia que permite oferecer qualidade de vida aos cidadãos.
Gaia - Apoiar famílias e nova habitação
A ver a sua população crescer desde 1991, Gaia conta, atualmente, com 303 824 pessoas a viverem no concelho. Dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP), só Valongo, Vila do Conde e São João da Madeira podem gabar-se de feito semelhante. Certo é que Gaia, quando comparada com o Porto, ganha em território: são mais 127,1 quilómetros quadrados. E é graças "à própria dimensão deste território ", nota a Câmara de Gaia, que "existe mais oferta ao nível da habitação, o que, por si só, também permite apresentar os atuais números divulgados pelos últimos Censos". Para a Autarquia de Eduardo Vítor Rodrigues, "estes números são o reflexo da aposta" adotada "no sentido de reforçar as medidas que tornam este concelho numa opção para muitas famílias".
Do plano municipal fazem parte, por exemplo, programas educativos para crianças com necessidades especiais, combate ao insucesso escolar, e a gratuitidade do passe para os transportes públicos para estudantes até aos 23 anos. A isto, soma-se o programa municipal de apoio ao arrendamento, "que já ajudou perto de 1500 famílias". Além disso, está previsto um investimento de 143 milhões de euros "na aquisição, construção e reabilitação de habitações".
Maia - "Vamos continuar em contraciclo"
Há 30 anos, a Maia contava 93 151 pessoas a viver no concelho. Hoje, são já 134 977. O que significa que, em termos percentuais, foi este o município, dos 17 da AMP, o que mais cresceu desde 1991 (44,7%). Ainda assim, à semelhança do que aconteceu aos restantes concelhos da região nos últimos dez anos, também a Maia perdeu residentes, mas o número passa quase despercebido: 329.
Para a Câmara da Maia, este é também o reflexo das políticas que têm sido adotadas pelo Executivo, "alicerçadas numa visão estratégica que assenta numa aposta muito determinada pela criação de excelentes condições de vida no território concelhio". Além da oferta habitacional, o autarca António Silva Tiago acredita que os espaços verdes também pesam nesta escolha, ascendendo "a mais de dois milhões de metros quadrados".
"Vamos continuar em contraciclo, atraindo cada vez mais população que demanda por qualidade de vida e bem-estar. Estamos certos que os Censos 2031 irão precisamente confirmar a assertividade das nossas políticas", confia o presidente da Câmara da Maia.
Porto - "Em curva ascendente"
Para o Porto, a queda de população foi acentuada até 2011, com o concelho a perder 64 881 pessoas em 20 anos. De acordo com os dados definitivos dos Censos 2021, essa tendência estará a aliviar-se. Nos últimos dez anos, saíram 5791 pessoas do concelho (menos 2,4% face a 2011).
Questionada pelo JN, a Câmara do Porto remeteu as suas respostas para publicações no seu site oficial. A mais recente, publicada a 28 de julho de 2021 após uma conferência de imprensa relacionada com os dados preliminares dos últimos Censos, destaca a recuperação de população a partir de 2018. "Depois de uma queda abrupta da população, estamos em curva ascendente, a recuperar. Começa a atenuar-se o efeito daqueles anos terríveis", afirmou, à data, o autarca Rui Moreira. "Há um efetivo rejuvenescimento da cidade, que vem contrariar as preocupações que tínhamos", acrescentou.