Investimento na habitação e no emprego qualificado foram propostas transversais aos oito candidatos às autárquicas. Perda de população na mira dos opositores à liderança socialista, que já não conta com José Maria Costa por limitação de mandatos.
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Políticas para fixação de população e melhoria das condições de vida dos residentes, nomeadamente, através de investimento na habitação e no emprego qualificado, foram propostas transversais a todos os oito candidatos à Câmara de Viana do Castelo, no debate promovido, na quarta-feira, pelo JN no Ateneu Comercial do Porto.
Aquelas áreas foram também as mais criticadas pelos cabeças de lista opositores à atual autarquia do Partido Socialista, liderada por José Maria Costa e cujo candidato, por limitação de mandatos do presidente, é agora o vereador do Planeamento e Urbanismo, Luís Nobre.
Na corrida à Câmara, nas mãos do PS desde 1993, estão ainda Eduardo Teixeira da coligação PSD-CDS, Cláudia Marinho, candidata da CDU e atual vereadora daquele partido na autarquia, Jorge Teixeira do BE, Paula Veiga, pelo Nós Cidadãos, Cristina Miranda, pelo Chega, Maurício Antunes da Silva, da Iniciativa Liberal e Rui Martins, cabeça de lista independente, apoiado pelo Aliança.
Perda populacional
O debate foi dominado pela tentativa de desconstrução dos principais argumentos de Luís Nobre, por parte dos seus oponentes. Questionados os candidatos sobre eventuais propostas para reverter a perda de população sofrida por aquele município (Censos 2021), o socialista enalteceu o percurso de Viana do Castelo em termos "de criação de condições de qualidade de vida e de atração e fixação de investimento", a que diz não ser alheio o facto deste "ser o município do distrito [de Viana] que teve menos perda populacional".
Eduardo Teixeira, da coligação PSD-CDS, considerou que o resultado dos Censos 2021 "foi um drama", com a perda de "3000 habitantes" num universo de 80 mil. "Se compararmos com a outra capital do Minho, Braga cresceu na população. Isto tem a ver com políticas públicas, coesão territorial e dinamismo empresarial que deveriam ter sido diferentes no passado", acusou.
A cabeça de lista da CDU, Cláudia Marinho, enquadrou a perda de população de Viana do Castelo num "problema nacional", e indicou como propostas daquele partido, para contrariar a tendência, "políticas municipais que vão de encontro às necessidades das populações", em áreas como a habitação, serviços e transportes públicos, e "emprego com qualidade e permanente".
Jorge Teixeira, do Bloco de Esquerda, considerou "trágico" que Viana do Castelo tenha perdido, nos último 10 anos, população equivalente à "do concelho de Valença". E defendeu para "combater o fenómeno", além da necessidade de políticas públicas em termos nacionais, "a mudança do paradigma empresarial de Viana do Castelo, que tem sido "muito emprego, baixo salário"". E a fixação de empresas que "garantam melhores condições de vida", assim como "uma revolução na habitação". "Temos os preços da habitação a subirem muito mais em Viana do que no resto do país", argumentou.
Maurício Antunes da Silva, da IL, acusou a atual autarquia socialista de "falta de estratégia" para fixação de população e referiu ter no seu programa eleitoral propostas para contrariar "a perda de empresas, de capacidade de exportação, industrial e de acolher mão de obra de Viana do Castelo, que possui um rendimento médio abaixo do nível nacional".
Paula Veiga, do Nós Cidadãos, indicou "a pouca oferta e os custos elevados da habitação" como um dos fatores de perda demográfica. Afirmou a necessidade de investimento em áreas como a educação e formação, em setores pouco explorados como a atividade marítima.
A cabeça de lista do Chega, Cristina Miranda, tem como bandeira o combate "aos jogos de interesse". E o independente Rui Martins, quer a casa municipal "ao serviço da população", considerando que a "fórmula para combater o êxodo de habitantes é criar riqueza e evitar despesa".
Cláudia Marinho e Rui Martins levam água à campanha
Dois dos oito candidatos à Câmara de Viana do Castelo indicaram como bandeira nestas eleições a reversão da empresa Águas do Alto Minho (AdAM), criada em janeiro de 2020 por sete municípios da região.
Cláudia Marinho, da CDU, recordou durante o debate do JN, dirigindo-se ao eleitorado, que aquela força política, que representa no executivo municipal de Viana como vereadora, "votou contra" a criação daquela empresa que "hoje é pública mas que no futuro pode vir a ser privatizada". Assumiu a luta contra a AdAM, que no seu primeiro ano de atividade gerou protestos da parte da população.
Já o candidato independente Rui Martins afirmou que Viana "vendeu mal e vergonhosamente as suas águas, que eram notáveis, produzidas e geridas pelos Serviços Municipalizados", e que foram integrados nas Águas do Alto Minho, "uma empresa estatal, que pura e simplesmente se limita a angariar fundos comunitários perdidos para os gerir de forma centralizada em Lisboa".
E referiu o caso da AdAM como exemplo "do retrocesso que Viana tem tido com perda da soberania municipal", que pretende recuperar caso seja eleito.