Chama-se "Centro Internacional de Biotecnologia Azul" e será o segundo equipamento académico a instalar nos terrenos da Petrogal, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Mas não se sabe em que parcela, quando estará pronto nem quanto vai custar. Esta ambiguidade continua a dominar o tema do encerramento da Petrogal.
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A Galp, a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) assinaram esta quarta-feira, com a Fundação Oceano Azul, "um protocolo de cooperação para a utilização de terrenos da antiga refinaria da Galp no concelho de Matosinhos tendo em vista a possível instalação de um Centro Internacional de Biotecnologia Azul". Não há uma data obrigatória para que o centro esteja pronto, mas o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, quer que isso aconteça daqui a dois anos. Só não se sabe quanto tempo poderá demorar a construir, quanto vai custar nem em que parcela.
A primeira reunião do grupo de trabalho para definir o modelo em que funcionará este centro de Biotecnologia aconteceu, aliás, esta quarta-feira, antes da assinatura do protocolo. O objetivo é colocar Portugal como país líder mundial a nível da Biotecnologia e criar, inclusivamente, "profissões que ainda não existem". Madalena Torres, da Fundação Oceano Azul, explicou que decorrerão reuniões mensais com o comité de acompanhamento.
O plano final será apresentado em setembro, mas o ministro quer ter o projeto pronto em dois anos, apontando até a possibilidade de, enquanto decorre a descontaminação numas parcelas, avançarem construções noutras. "Não vamos conseguir descontaminar tudo ao mesmo tempo, temos que identificar as áreas, começar a tratar delas e as que forem tratadas terem construção", afirmou.
Certo é que, apesar da intenção do Governo em instalar o equipamento nos terrenos da Galp, não pagará a descontaminação dos solos, que avançará por fases. E nem a própria Galp sabe esclarecer quanto tempo vão demorar as diferentes etapas apesar de o descomissionamento "estar praticamente concluído".
À procura de uma parcela para instalar o polo universitário
Essas dúvidas recaem no projeto do polo universitário entre a Câmara de Matosinhos e a Universidade do Porto. Esse protocolo foi assinado em fevereiro do ano passado e terá de estar pronto em 2026, uma vez que é financiado pelo Fundo para uma Transição Justa. Ninguém responde sobre se isso será possível ou não e, entretanto, já não será utilizada a parcela inicialmente indicada para abraçar o projeto. "Foi abandonada, não por força da contaminação, mas pelas diretivas de Seveso que impõem um perímetro de segurança a determinadas instalações", esclarece a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro.
Depois de, por várias vezes, a autarca e o próprio ministro terem falado nas dificuldades que o encerramento do complexo provocou na região, o presidente Executivo da Galp, Filipe Silva, justificou dizendo que aquela refinaria "não era competitiva". Por outro lado, insistiu na importância de um "masterplan" para os cerca de 260 hectares. "Queremos todos atrair riqueza, competência e alta tecnologia", referiu.
Trabalhadores despedidos da Petrogal
Entretanto, revela Luísa Salgueiro, o curso de maquinistas para os ex-trabalhadores da refinaria da Petrogal deverá avançar "em breve". "Nos próximos dias haverá já o início da formação dedicada, escolhida pelos próprios. Será feito, primeiro, o processo de seleção dos formandos, para que possam encontrar alternativas no mercado, designadamente uma que tem sido muito reivindicada por esses trabalhadores, que é na área da ferrovia", nota a autarca, recordando que esta formação será paga pelo Fundo para uma Transição Justa.