Os guardas identificaram e constituíram como arguido um homem que tentou atacar as pessoas que se manifestaram contra a gestão do padre Francisco Xavier.
Corpo do artigo
Um homem puxou de uma navalha e tentou atacar as organizadoras de uma manifestação, na tarde de sábado, na igreja de Nespereira, em Guimarães. O protesto pretendia chamar a atenção para o encerramento de uma sala de pré-escolar e para a “degradação da qualidade do serviço” no Centro Social da Paróquia (CSN), liderado pelo padre Francisco Xavier, desde fevereiro. O atacante foi identificado e constituído arguido pelos militares da Guarda. Entretanto, na passada quinta-feira, o CSN recebeu uma visita da Ordem dos Enfermeiros, na sequência dos relatos de más práticas, por parte de profissionais que se despediram.
Um grupo de aproximadamente 150 pessoas, vestidas de preto, fez, na tarde de sábado, um cordão humano, na escadaria de acesso à igreja paroquial de Nespereira. Em comunicado, a organização da manifestação diz que “o objetivo foi expor os acontecimentos recentes no CNS, de forma que as autoridades competentes possam investigar e tirar conclusões”. Entre a população de Nespereira, que ia chegando para a missa, havia quem não estivesse de acordo com a exposição negativa que o protesto está a causar à freguesia e alguns fizeram-se ouvir. “Muita desta gente não é de Nespereira. Que vergonha, vão para casa”, ouviu-se. Dois homens mais exaltados passaram das palavras à ação, um tentou agredir com uma bengala as organizadoras e o outro puxou de um canivete.“Vou-vos chinar a todos”, gritava o atacante.
A chegada da GNR, que tinha sido avisada da manifestação, evitou que a situação evoluísse durante o protesto pacífico da população que não concorda com a gestão que o padre Francisco Xavier está a fazer no Centro Social de Nespereira. O atacante procurou refúgio dentro da igreja, mas as autoridades acabaram por ir buscá-lo, para o identificarem e o constituírem arguido.
As 150 pessoas que se distribuíram ao longo das laterais do escadório que dá acesso à igreja mantiveram-se em silêncio e acabaram por abandonar o local, antes do final da missa, “para evitar confrontos”, como explicou Cláudia Pinheiro, uma das organizadoras. “Há muitas pessoas que trabalham no Centro Social ou têm familiares que trabalham lá. Essas pessoas têm medo dos resultados destes protestos”, explicou uma das presentes entre dentes. A organização decidiu que ninguém falaria e distribuiu um comunicado.
Ordem quer mudanças
Na passada quinta-feira, a Ordem dos Enfermeiros esteve no CSN, depois de profissionais que ali trabalhavam terem dado conta de más práticas. Miguel Vasconcelos, presidente do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, esteve encarregado desta inspeção e veio dizer que “há algumas situações que requerem atuação rápida e emergente”. Este responsável reconhece que houve abertura por parte da administração do CSN “para a resolução de alguns problemas” e adiantou que ficou agendada uma nova visita para monitorização, no dia 27 de junho.
Segundo se lê no documento, a “manifestação não está relacionada com qualquer motivação religiosa, nem se trata de um ataque à Igreja Católica ou aos seus representantes”. O foco “é a atual direção do CSN, que, após a tomada de posse [em fevereiro], alterou procedimentos que comprometem a qualidade do atendimento aos utentes”.
Os manifestantes estão “particularmente preocupados” com o fim de uma sala de pré-escola. Embora a arquidiocese já tenha justificado o encerramento com o facto de haver oferta pública para estas idades, nomeadamente na Escola de Nespereira, e de a Segurança Social não financiar esta valência. No comunicado, a organização da manifestação afirma que “muitas famílias” ficam “desamparadas” por a “decisão ter sido comunicada de forma abrupta, contrariando as garantias dadas pela anterior direção”.