Encerramento de orifício entre aurículas do coração permite reduzir recorrência da doença.
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Em agosto do ano passado, Andreia Matos estava em casa com o filho bebé, quando sentiu uma forte dor de cabeça e parte do corpo "a falhar". "Nunca [lhe] passou pela cabeça que aos 28 anos ia ter um AVC", mas foi esse o diagnóstico que lhe deram, assim que chegou ao Hospital de Braga. Ontem, foi submetida a um procedimento pouco invasivo para encerramento do Foramen Ovale Patente (FOP), uma condição congénita que poderá ter contribuído para o problema.
O FOP trata-se de um orifício que existe entre as duas aurículas do coração, que ocorre em 25% da população. Na maioria dos casos, "as pessoas nascem e vivem com isto sem problema nenhum", refere o neurologista, José Nuno Alves.
Contudo, pode facilitar a ocorrência de acidentes cardiovasculares, por permitir a passagem de eventuais coágulos até ao lado esquerdo do coração, "região que envia sangue para todo o corpo", elucida Carlos Galvão Braga, cardiologista de intervenção que, ontem, tratou Andreia Matos, uma das nove pacientes que já foram selecionadas para fazer o encerramento do FOP.
A técnica, que só no último ano chegou ao Hospital de Braga, evitando a deslocação dos doentes da região para outros hospitais, só é utilizada quando os especialistas não encontram mais nenhuma outra explicação para o AVC.
O procedimento é feito através da virilha, a partir de onde se faz avançar um dispositivo que permitirá fechar o orifício. Segundo Carlos Galvão Braga, o risco de recorrência do AVC reduz "entre 60 a 100%" nos primeiros cinco anos.