O projeto é inovador, chama-se "Regresso a Casa", será levado a cabo pelo Hospital de São João, no Porto, e permitirá que o bebé regresse ao lar familiar 24 horas logo após o parto. Arranca esta quinta-feira, 1 de junho, Dia Mundial da Criança. "Aplica-se a mães e a bebés saudáveis e dará mais conforto à família, seguindo padrões europeus", diz, ao JN, a médica Maria João Baptista, também presidente do Conselho de Administração do São João.
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Em Portugal, a prática comum, relativa à estadia hospitalar, tanto para a progenitora, como para o recém-nascido, vai "para além das 48 horas". O São João quer "otimizar" e encurtar os tempos, se a família estiver de acordo, havendo uma conversa prévia para este tipo de abordagem. O hospital atua em sintonia com o ACES Porto Oriental e o ACES Maia/Valongo, unidades de cuidados primários, também importantes neste processo.
Assim, estando reunidas todas as condições de segurança, "se o parto for normal, sem complicações", mãe e bebé poderão voltar a casa 24 horas a seguir ao nascimento. Mas, o acompanhamento clínico vai manter-se. Como explica Maria João Baptista, "48 horas após o parto, um médico da pediatria do São João e uma enfermeira deslocam-se a casa da família", para realizar uma "consulta domiciliária e os exames de rotina".
"O projeto arranca esta quinta-feira e nos próximos dias contamos que o 'Regresso a Casa' seja colocado em prática, conferindo maior humanização e conforto à estadia hospitalar e ao retorno ao lar", reforça Maria João Baptista, especialista em cardiologia pediátrica, professora universitária e presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João.
"A evidência científica demonstra que, em casos selecionados em que sejam cumpridos todos os critérios de elegibilidade, é seguro e benéfico para o bebé e para a mãe regressarem ao seu lar antes das 48 horas de vida. Além de não aumentar o risco de complicações maternas ou neonatais, a alta tem um impacto significativamente positivo na experiência familiar e no sentimento de parentalidade positiva", salienta o São João, em comunicado, indo de encontro aos desígnios da Organização Mundial de Saúde.
O "Regresso a Casa" é promovido pela Direção-Executiva do SNS, que é dirigido por Fernando Araújo. Este responsável destaca que "este projeto-piloto, inédito no Serviço Nacional de Saúde, permitirá lançar as bases para que a mesma iniciativa seja implementada noutros hospitais, de forma a generalizar esta abordagem do recém-nascido, reduzir os tempos de internamento e melhorar a gestão em saúde, reduzindo custos e carga de trabalho dos profissionais".
Também a Unidade Local de Saúde do Alto Minho aderiu ao projeto.