Depois de amanhã, a triagem da urgência de Mirandela será assegurada por duas empresas de contratação de médicos. Doze médicos requisitados ao Agrupamento de Centros de Saúde do Noroeste e outros sete com contrato foram despedidos.
Corpo do artigo
O director clínico do Centro Hospitalar do Noroeste justifica a medida com a recusa dos 12 médicos em fazer o acompanhamento de doentes críticos noutras unidades de saúde. “Esses médicos têm os seus empregos e prestavam-nos serviços. Mas sem qualquer pedido de reunião, encostaram-nos à parede e disseram-nos que não queriam fazer o serviço, colocando em perigo a prestação de cuidados de saúde aos utentes”, explica Sampaio da Veiga.
António Marçoa, do Conselho de Administração do CHN, aponta vantagens à alteração. “Vamos conseguir ter sempre dois médicos na triagem 24 horas”, sublinha. “Até aqui tínhamos dificuldade, porque alguns não eram bons profissionais e às vezes tínhamos falta de médicos, frequentemente, sem aviso prévio”, conta, revelando que “no contrato com a empresa está estipulado que será dela a responsabilidade de ter sempre dois médicos, sendo que um deles tem sempre de fazer o acompanhamento crítico”, diz.
Além disso, António Marçoa garante que haverá um ganho de dois euros por hora no pagamento aos médicos e que existe um compromisso com as empresas que o serviço de inclua nos seus quadros os clínicos que vinham a ter a melhor prestação.
Versão diferente tem um médico com contrato com o CHN. “Foi uma armadilha que montaram aos médicos da urgência”, conta Alekse Dhankarafhvli, que está naquela unidade de saúde há sete anos. “Colocaram os médicos entre a espada e a parede porque propuseram a passagem para a empresa privada e ninguém aceitou, excepto um profissional”, acrescenta o médico com nacionalidade portuguesa.
Além disso, Alex sustenta que a estratégia passa ainda por “encerrar a urgência médico-cirúrgica”, dado que “já ficou decidido encerrar o bloco operatório diariamente depois das 16 horas”, diz. “Aproveitaram a ausência de alguns cirurgiões e levaram outros a assinar um documento em branco para procederem à transferência das cirurgias para Bragança”, avançou, ao JN.
Alex trabalha em exclusivo na unidade de saúde de Mirandela e foi confrontado com uma carta de despedimento, na quinta-feira, com efeito a partir de depois de amanhã.
“No meu contrato está previsto que a carta de despedimento terá de ser enviada com 30 dias de antecedência, pelo que, vou processar a administração”, garante o médico, que tem um filho de três anos a seu encargo.