A Urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel, está a passar por novos constrangimentos, devido à falta de capacidade de internamento. Ao final do dia de ontem, o serviço tinha 141 doentes, 28 dos quais a aguardar internamento.
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"A Urgência está mais uma vez em rotura", denunciou João Paulo Carvalho, presidente da Secção do Norte da Ordem dos Enfermeiros, dando nota de que os últimos números a que tiveram acesso, relativos ao dia de anteontem, davam conta de cerca de 160 doentes na Urgência, 47 dos quais à espera de vagas para internamento e 111 à espera de serem observados pelos médicos e de exames complementares de diagnóstico.
"A sobrelotação da Urgência do Hospital Padre Américo, é uma situação recorrente porque o hospital não tem capacidade de resposta para os mais de 500 mil habitantes da região", lamentou aquele dirigente, acrescentando que, enquanto não forem tomadas medidas de fundo, esta será uma situação "recorrente". "O Conselho de Administração tem que dar um murro na mesa e dizer que não é possível prestar os cuidados adequados, mantendo esta capacidade instalada para a população que serve", concluiu.
Contactada pelo JN, fonte do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (que integra o Hospital Padre Américo, em Penafiel e o Hospital de São Gonçalo, em Amarante), deu conta de ao final da tarde de ontem estarem 141 doentes na Urgência, dos quais 28 a aguardar atendimento.
Referiu ainda que, pela manhã, aguardavam internamento 40 doentes, número que foi diminuindo ao longo do dia até atingir os 28. "14 irão ser, a todo o momento, transferidos para o Internamento e seis irão para entidades externas com as quais temos protocolos. Desta forma, contamos ter reduzido, em breve, para oito o número de utentes a aguardar internamento", referiu o Hospital.
Para tentar resolver o problema na Urgência, além da transferência de doentes para outras unidades hospitalares, ao abrigo dos protocolos com entidades externas, o CHTS, de acordo com o plano de contingência, parou as cirurgias programadas, "o que nos permitiu libertar camas do departamento cirúrgico", fez "a alocação de mais camas nas enfermarias" e abriu "uma ala extra em Amarante".
Segundo o Hospital - que ainda tem 24 doentes internados com covid - este aumento de doentes na Urgência prende-se com "o calor e as elevadas concentrações de fumo devido aos incêndios que deflagraram na região", que "estarão na origem da agudização de algumas patologias, nomeadamente em doentes com patologias crónicas como é o caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), insuficiência renal e insuficiência cardíaca", tratando-se de doentes, na "grande maioria", idosos e com diversas comorbilidades.