Há um hospital para animais marinhos que alia o resgate e tratamentos à investigação. Está instalado junto ao Porto de Aveiro, na Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, e já recebeu focas, golfinhos, tartarugas, gaivotas e muitos outros animais. Recentemente chegaram também papagaios-do-mar e mais tartarugas, que se supõe terem sido afetados por uma tempestade.
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Este Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM), que desde 2016 funciona no Ecomare, um laboratório para a inovação e sustentabilidade dos recursos biológicos marinhos da Universidade de Aveiro, conta também com uma parceria com a Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem. É um dos 12 centros de recuperação de fauna selvagem existente em Portugal e um dos dois, a par com o Porto d"Abrigo do ZooMarine (Albufeira), vocacionado para acolher espécies marinhas. Resgata em cerca de 300 quilómetros de costa nas regiões Norte e Centro e dá continuidade ao trabalho que estava a ser desenvolvido em Quiaios, Figueira da Foz, mas agora com uma "resposta mais eficiente", que permite "relacionar a recuperação e reabilitação de animais marinhos com a investigação sobre a conservação destas espécies no seu estado selvagem", refere o CRAM.
Existem laboratórios e equipamento para a avaliar o estado dos animais, como raio-X, ecógrafo, endoscópio (para remover anzóis, por exemplo) e onde decorrem cirurgias quando é necessário. Há ainda uma sala com tanques que permitem fazer, entre outras tarefas, a lavagem de animais com crude, um laboratório e uma divisão para quarentena.
Piscinas recriam ambiente
No exterior há diversas piscinas, algumas com ambiente controlado (unidade de cuidados intensivos), que ajudam a recriar o ambiente natural . Quando estes melhoram passam para piscinas maiores, incluindo uma com capacidade para um milhão de metros cúbicos de água.
Catarina Eira, coordenadora do CRAM/Ecomare e docente da Universidade de Aveiro, sublinha que a intenção é que os animais possam "recuperar e sejam devolvidos ao meio natural". "As tartarugas que tiverem dimensão suficiente levarão um emissor satélite, que permitirá perceber em que zonas se deslocam. Já as aves são anilhadas antes de serem libertadas", acrescenta.
Catarina Eira defende que é necessária uma "avaliação fiável da captura acidental de cetáceos, um trabalho que teria de envolver a monitorização de muitas embarcações ao longo de toda a costa portuguesa". Há uma espécie de cetáceo "em vias de desaparecer, o boto ibérico", alerta. "Poderá desaparecer em poucos anos porque há poucos indivíduos e deveria ser feito um investimento no estudo e conservação da espécie", pede.
Ambulância
O CRAM/Ecomare conta com uma ambulância para facilitar o transporte de animais de maior porte, como golfinhos. Possui, ainda, uma carrinha que é usada para recolher animais mais pequenos. Muitas espécies chegam através de outras autoridades (Polícia Marítima, SEPNA da GNR e PSP).
Parcerias
Algumas espécies são libertadas na praia, mas outras, nomeadamente os golfinhos e tartarugas, são deixados a algumas milhas da costa graças à ajuda da Polícia Marítima.