Comissão fabriqueira e diocese não chegaram a acordo com o arquiteto para pagar dívida de 14 mil euros. Pároco descarta responsabilidades.
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A igreja do Cachão vai ser posta à venda. "No início da semana dá-se início ao procedimento da venda do imóvel com a notificação da comissão fabriqueira", disse ao JN Cidália Santos, a agente de execução da penhora que resulta do incumprimento do acórdão do Tribunal Judicial de Mirandela. A decisão judicial condenou a comissão fabriqueira a pagar 31 mil euros (já com juros) a um gabinete de arquitetura (Novarq), por um projeto para uma igreja que nunca chegou a avançar.
Já foram recuperados 17 mil euros através do "congelamento" da conta bancária da fabriqueira, mas faltam 14 mil euros para evitar a venda da igreja, registada como armazém adaptado para local de culto.
O advogado dos arquitetos, a diocese de Bragança e o pároco da fabriqueira reuniram, mas não houve acordo. A atual direção da fabriqueira não fala, mas o padre Abel Maia, na altura representante da comissão, está revoltado com as acusações. "Nunca contratei projeto nenhum nem a fabriqueira fez diretamente nenhum pedido a nenhum arquiteto, O que a fabriqueira fazia era sempre em consonância com a Câmara", diz.
Abel Maia critica, porém, os membros da comissão: "Tinham de dar continuidade. Havia terreno e projeto e era preciso dar os passos".
"Diocese disse que sim"
Confrontado com o facto de a diocese ter dito que desconhecia o projeto, o pároco afiança o contrário. "Mostrei-o e pedi a dois padres da diocese que dessem um parecer. Disseram que sim".
Alarmados com a situação, 27 habitantes do Cachão decidiram, este domingo, avançar com um abaixo-assinado para pressionar entidades. "Esperava que houvesse maior adesão", confessa Lurdes Freitas, uma das mentoras.
"Ainda acredito que nos ajudem a nível jurídico porque caso contrário vamos ficar sem a igreja e a discutir quem foi o culpado", diz.
O caso remonta a 2011. O arquiteto alega ter sido consultado pelo padre Abel Maia para a elaboração do projeto, o que o tribunal deu como provado.
