<p>"Meu filho… fazes-me tanta falta". Foi o último adeus da mãe de Artur Pimentel, 17 anos, que morreu no dia 31 de Março em Lloret de Mar (Espanha), numa queda de um hotel, e que só ontem foi sepultado, em Lamego, onde residia com os pais e dois irmãos.</p>
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E há uma imagem que, tendo-a retido na retina, não se ousará esquecer tão depressa: a do irmão de Artur, 11 anos, preso pelas lágrimas ao caixão, soluçando, amparado ao luto ao pai. E este, arrancando forças à sua dor, abraça-o forte para afagar a dele.
"Realmente… uma pessoa não é nada", sussurrou Nuno Miguel, escondido atrás de um óculos de sol escuros, como a maioria dos que foram ao cemitério da Cruz Alta despedir-se de Artur. A emoção era forte e tapada pelos óculos chora-se com outro à-vontade. E eram às centenas, as vontades.
Transbordou de emoção a igreja da Senhora da Graça, que encheu cedo. "Vim uma hora antes de começar a cerimónia e já quase não havia lugar", notava Fátima Cardoso. Chorou-se quando os colegas de Artur lhe leram a última mensagem conjunta: "Artur, tu não morreste. Permanecerás sempre no nosso coração". E assim se despediam do "grande amigo e companheiro", lembrando as muitas vezes que os ajudou com explicações de Matemática.
No exterior da igreja rebuscavam-se as frases para descrever o momento. A de António Martins, colega da mãe de Artur, a dar aulas em Tarouca: "Um jovem que se perde é como uma biblioteca que perde um livro". Ou a de Irene Firmino: "Perder um filho é perder um pedaço da alma".