Comunidades têm aumentado e chegam para trabalhar na restauração, construção civil, metalomecânica e indústria das carnes.
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"A falta de mão de obra em Famalicão e a guerra na Ucrânia têm aumentado o número de imigrantes. A maior comunidade estrangeira a residir no concelho é a brasileira, que cresceu no último ano" - esta realidade é atestada por Sofia Fernandes, vereadora da Interculturalidade e Integração da Câmara famalicense que, sem números oficiais referentes ao ano passado, salienta que o "fluxo de atendimentos do gabinete de apoio ao imigrante tem sido muito maior". Aliás, o Diagnóstico da População Migrante em Famalicão apontava que, em 2020, 47% dos estrangeiros a residir no concelho eram brasileiros, com os ucranianos a ficarem nos 11% e os indianos nos 8%. "Só entre 2020 e 2021 verificou-se um crescimento na comunidade imigrante de 450 residentes em Famalicão, estando registados, no final desse ano, 2800 cidadãos estrangeiros", revela.
Em busca de um lugar seguro
Jéssica Alves é uma das pessoas que fizeram subir o número de imigrantes aflorado pela vereadora. Veio de São Paulo para Famalicão em busca de um lugar seguro, em junho do ano passado. Com ela vieram o filho de dois anos e o marido, que chegou a terras de Camilo já com emprego garantido. Jéssica, de 27 anos, não tinha emprego, mas rapidamente conseguiu trabalho na restauração. Atualmente, é rececionista num ginásio.
Duarte Veiga dirige o estabelecimento onde Jéssica e outros cinco imigrantes brasileiros ocuparam vagas que não conseguia preencher. "No pós-pandemia recebi muitos contactos de brasileiros que queriam vir para cá ou já tinham viagem marcada para Portugal", relata. "Trazem vontade de evoluir e querem, pelo menos, mostrar o que valem", sublinha Duarte Veiga, acrescentando: "Estou satisfeito com os imigrantes que trabalham comigo".
"Na restauração, vemos mais brasileiros, com os indianos a trabalharem mais na indústria das carnes, metalomecânica e construção civil", sublinha Fernando Xavier, presidente da Associação Comercial e Industrial de Famalicão (ACIF). Estes imigrantes, diz, ajudam a colmatar a falta de mão de obra em algumas áreas, sendo, por isso, importante que seja dada atenção à integração.
No entanto, o líder da ACIF frisa a necessidade de gente qualificada. "Embora haja imigrantes, nomeadamente indianos, com formação superior, a língua pode ser um obstáculo e o facto de não estarem habituados à nossa realidade pode exigir muita formação", acrescenta Francisco Xavier.
A aprender e a evoluir
O idioma é, sem dúvida, uma dificuldade que Mohit Kumar e Priyanka Rani já começaram a tentar ultrapassar com aulas de português. O casal, ele engenheiro eletrónico, ela enfermeira, queriam um país seguro e com pouca poluição para residir. Daí terem vindo para Famalicão, um "bom local para viver", segundo referências dadas por um amigo. "Estamos a aprender português e pretendemos evoluir", diz o casal, garantindo que estão satisfeitos com o que encontraram.
Acolhimento
Fernando Xavier, da associação comercial, alerta para a necessidade de um acolhimento "com dignidade" dos imigrantes, nomeadamente ao nível da habitação. A carência de habitação é um dos problemas do concelho. Por isso, a autarquia está a fazer um diagnóstico de habitabilidade dos imigrantes.