O Instituto da Mobilidade e dos Transportes ainda não recebeu qualquer pedido de homologação ou atribuição de matrículas para os veículos do metrobus do Porto, disse hoje fonte oficial da instituição à Lusa.
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"O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) não recebeu ainda qualquer pedido de homologação ou de atribuição de matrícula aos veículos do metrobus do Porto", pode ler-se numa resposta de fonte oficial do IMT a questões da Lusa.
Os veículos do metrobus do Porto já obtiveram a necessária homologação europeia, faltando agora concluir o processo em Portugal, de acordo com documentos do processo divulgados por fonte oficial da Metro do Porto à Lusa.
De acordo com os documentos, a fabricante CaetanoBus deu conta à Metro do Porto da "obtenção de homologação europeia de veículo completo WVTA (Whole Vehicle Type Approval) referente aos autocarros modelo CAETANO H2.CityGold 18m".
"Esta informação foi rececionada na passada sexta-feira, dia 26 de setembro de 2025, emitida pelas entidades europeias, esperando-se a receção em Portugal dos documentos originais nos próximos dias", pode ler-se nos mesmos documentos.
Após serem rececionados, "serão submetidos na plataforma nacional para o seu registo, dando seguimento ao normal processo de homologação em Portugal", pode ler-se nos documentos.
Em 6 de junho, o metrobus do Porto fez durante a noite os primeiros ensaios, constatou a Lusa no local e informou a Metro do Porto, mais de nove meses após a empresa anunciar o fim das obras principais do projeto.
Em agosto de 2024 ainda se discutia a possibilidade de atuais autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que irá operar o serviço, utilizarem provisoriamente o canal até à chegada dos veículos do metrobus, mas a opção foi abandonada face a testes insatisfatórios.
A não utilização do canal pelos autocarros levou ao seu aproveitamento como ciclovia, tendo já movimentos e associações do setor instado as entidades competentes a repensar o projeto "como um todo", já que se mantiveram duas vias para automóveis e nenhuma para meios de mobilidade suave, apesar da sua utilização.
Em agosto de 2023, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto esclareceu que foi uma "opção política" eliminar as vias de mobilidade suave: "Foi privilegiado o transporte público numa decisão política por causa de problemas de falta de espaço", referiu.
"Lamentável e inaceitável"
O atraso na chegada dos veículos remonta à anulação do primeiro concurso público para aquisição dos autocarros e do sistema de produção de hidrogénio 'verde', que foi lançado em dezembro de 2022 e anulado, sendo repetido em julho de 2023, oito meses depois.
A Metro do Porto foi sucessivamente anunciando que estava a tentar receber os veículos até ao final de 2024, em janeiro ou fevereiro de 2025, mês em que validou a informação adiantada pela CaetanoBus de que os veículos começariam a circular "no início de maio".
Em agosto de 2024, a Câmara do Porto considerou "lamentável e inaceitável" a ausência de esclarecimentos e acusou a Metro de falta de transparência, coordenação e articulação, pedindo "respeito institucional", um tom crítico que marcou o processo nos últimos meses.
Aguarda-se ainda a assinatura do memorando de entendimento entre a autarquia, o Estado e a Metro do Porto sobre o projeto.
O projeto envolve também obras na estação de recolha da STCP na Areosa, que receberá a estação de produção de hidrogénio, prevendo o contrato que "até a fábrica de hidrogénio entrar em produção o consórcio fornecedor assegurará um posto de abastecimento móvel" de hidrogénio.
O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
O conjunto dos veículos e do sistema de produção de energia custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.