Um incêndio destruiu este sábado, pela segunda vez, um prédio de habitação de dois pisos e um armazém de vinhos contíguo no centro histórico da Lousã, perto da Câmara Municipal.
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Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra, as chamas, combatidas por três corporações de bombeiros, eclodiram pelas 12:05 horas numa casa habitada, onde no piso térreo e edifício contíguo funciona o armazém.
Dois moradores ficaram desalojados.
Uma testemunha que reside perto do local disse à agência Lusa ter visto fumo e chamas a sair do telhado da moradia, habitada por três pessoas.
"O incêndio já acalmou um bocado. Mas a casa terá ardido toda, o telhado caiu todo", relatou.
Contactado pela Lusa, o segundo comandante dos bombeiros da Lousã, Filipe Amado afirmou, pelas 13:30 horas, que os bombeiros se encontravam a combater o incêndio no armazém de vinhos contíguo.
O imóvel situa-se no centro histórico da vila da Lousã, próximo da Câmara Municipal e da Igreja Matriz, numa zona urbana constituída sobretudo por edifícios antigos, alguns de grande importância histórica e patrimonial.
Destacam-se a capela da Santa Casa da Misericórdia e o Palácio dos Salazares (atual hotel Meliá Palácio), dos séculos XVI e XVII, respectivamente, a antiga sede do Clube Desportivo Lousanense (em ruínas) e outras casas solarengas.
O armazém de vinhos, fundado antes da II Guerra Mundial por Joaquim Fernandes de Almeida "Gato", estava associado a uma das maiores serrações de madeira do distrito de Coimbra, já desaparecida, que pertencia a este empresário, mais conhecido pela popular alcunha.
Após o primeiro incêndio que destruiu o armazém, na década de 90, alguns descendentes de Joaquim "Gato" retomaram a actividade, que tornou célebre o vinho "Ermidas", uma marca própria aplicada a tintos e brancos com origem na zona vitivinícola de Aveiras, a norte de Lisboa.
O primeiro incêndio, a morte dos donos mais idosos, o declínio da agricultura e as profundas alterações urbanísticas e sociológicas ocorridas na Lousã, nas últimas décadas, ofuscaram a pujança do antigo "Armazém dos Gatos".
O fogo deste sábado deflagrou a escassos 100 metros da praça Cândido dos Reis, junto à Igreja Matriz, pouco antes da abertura da iniciativa "Lousã à antiga", recriação de uma feira do início do século XX.
Promovida pela Câmara da Lousã, com apoio de associações, comércio local e moradores, a feira visa a preservação das tradições locais e revitalização do centro histórico.
Nos últimos anos, fogo e derrocadas diversas destruíram outros imóveis do casco antigo, com destaque para um prédio oitocentista, na rua General Humberto Delgado.