Os banhistas habituais da praia do Tamariz admitiram hoje, segunda-feira, estarem a pensar deixar de frequentar a praia devido aos incidentes de domingo, afirmando que o clima de insegurança começa a sobrepor-se à qualidade.
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Um dia depois dos confrontos ocorridos na praia do Tamariz que causaram um ferido com "duas facadas nos membros superiores e inferiores", banhistas e responsáveis da restauração do Estoril mostraram-se "seriamente preocupados" com o futuro da praia.
"Isto está a ficar uma situação insustentável. Vou deixar de vir aos fins de semana, porque tenho crianças e não quero correr o risco de estar aqui e de repente levar com um tiro", afirmou uma das banhistas.
Também Maria de Lurdes e Maria Stella, banhistas habituais da praia do Tamariz aos dias de semana, dizem que o ambiente está a ficar "muito perigoso".
"Durante a semana, da parte da manhã esta praia é uma coisa. A partir da 15 horas e aos fins de semana transforma-se", disse Maria de Lurdes, sublinhando que tal se deve ao "tipo de pessoas que chegam da estação".
Medo e insegurança começam a ser sentimentos comuns entre os banhistas da praia do Tamariz que ainda se lembram daquela praia como uma das melhores da costa do Estoril, frequentada por "elites".
"Venho para aqui há anos. Deixávamos as carteiras à vista que não havia medo nenhum, agora é impossível, tem de estar tudo nas mochilas e com cadeado", disse um dos banhistas, lamentado o "mau aspecto" que aquela praia ganhou, "desde que começou a ser frequentada por jovens que chegam da estação em bando e vêm à procura de confusão".
É também com tristeza e angústia que Assunção Xavier vê as notícias que têm invadido os jornais e televisões a falar de violência na praia do Tamariz.
"Há 40 anos que venho para esta praia que sempre foi uma das melhores daqui da linha e agora fica manchada por causa desses rapazes que vêm para aqui provocar estragos", contou.
O mesmo acontece com os responsáveis dos bares e restaurantes daquela zona que notam a "fuga" dos turistas.
"Há três ou quatro anos que isto tem sido sempre assim. Confrontos e assaltos começam a ser um hábito aqui na praia e claro que as pessoas ficam com medo e deixam de cá vir", disse o responsável de um dos restaurantes, temendo que a insegurança, aliada à crise, afaste completamente os clientes do seu estabelecimento.
Questionado sobre a frequência dos incidentes naquela praia, o empregado de outro bar foi peremptório: "Acontecem todos os dias".
Uma vez que não se pode impedir ninguém de ir à praia, a única solução apontada pelos profissionais da restauração é evidente: "Aumentem a segurança, ponham mais polícias a vigiar a praia".
Hoje, contrariamente aos outros dias, a praia está "cheia de polícia", uma situação que, segundo os banhistas, deveria repetir-se "todos os dias e não só quando acontecem desgraças".
A opinião é partilhada pelo presidente da Câmara de Cascais que considerou, na sequência dos incidentes de domingo, que a falta de reforço do policiamento nas praias da zona "ou é irresponsabilidade, ou incompetência ou então perseguição" ao concelho.
António Capucho (PSD) responsabilizou directamente o Ministério da Administração Interna (MAI) pelo sucedido, uma vez que não reforçou a segurança na zona, como habitualmente acontece na época balnear.
Para esta tarde está agendada uma reunião entre o autarca e o ministro Rui Pereira.