Filipe Araújo, atual vice-presidente da Câmara, não descarta a possibilidade de vir a ser o cabeça de lista. Movimento vai continuar a aceitar apoios de partidos.
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O movimento de Rui Moreira não vai integrar a lista de nenhum partido, nas próximas autárquicas, nem sequer do PSD, apesar do acordo de governação mantido na cidade desde 2021. Os independentes vão avançar com lista própria à Câmara do Porto, procurando continuar a gerir os destinos da cidade, apesar da obrigatória saída de Rui Moreira. Ainda não está aprovado o rosto do sucessor, mas o atual vice-presidente da Autarquia e presidente do "Porto, o Nosso Movimento", Filipe Araújo, não descarta a possibilidade de vir a ser cabeça de lista.
"Obviamente, seria uma enorme honra ser presidente da Câmara do Porto. Não o posso esconder", responde Filipe Araújo, quando questionado sobre o facto de ser o nome mais apontado internamente. O autarca ressalva, porém, que ainda não foi escolhido o sucessor de Rui Moreira, que não se pode recandidatar devido à limitação de mandatos.
"O movimento é o braço armado do presidente na Câmara, Mas não é apenas um rosto. É uma equipa. Uma equipa boa, de continuidade, com muitos bons quadros, que pode continuar a levar o Porto a ser uma cidade cosmopolita", vinca Filipe Araújo, defendendo que a gestão da cidade não deve acabar nas mãos de quem não a conhece.
melhor posicionados
O que já é certo é que, o "Porto, o Nosso Movimento" não vai integrar as listas de qualquer partido, nem sequer do PSD, apesar do acordo com os sociais-democratas que confere maioria absoluta a Rui Moreira na Autarquia e do recente "diálogo" entre o partido e os independentes, que governam a cidade desde 2013.
"Qualquer portuense percebe que a cidade não é a mesma que era há dez anos. Houve uma grande evolução. Seria completamente fora de sentido que os portuenses, que nos dão a confiança desde 2013, ficassem agora órfãos. Ninguém iria compreender que, em 2025, não tivéssemos uma proposta de continuidade", argumenta Filipe Araújo que, a 14 de janeiro passado, tomou posse como presidente da associação "Porto, o Nosso Movimento".
Para o atual vice-presidente da Câmara do Porto e aquele que poderá vir a ser a aposta do movimento para suceder a Rui Moreira, é claro: "Representamos os que estão melhor posicionados para continuar o projeto".
apostar na continuidade
Segundo Filipe Araújo, o movimento vai apresentar-se, assim, a votos, com a sua lista e "numa lógica de continuidade" e com a convicção de que, durante 12 anos, teve "uma grande capacidade de execução".
Mas há ainda áreas para aprofundar na forma de pensar a cidade e continuar a garantir "qualidade de vida", crê o vice-presidente do Município do Porto. É o caso da sua sustentabilidade, o que passará por um aumento da mobilidade e a criação de mais espaços verdes.
Outra mais-valia do movimento, para Filipe Araújo, é o facto de não estar preso a "diretrizes partidárias". "Nada nos prende ideologicamente. Isso dá-nos uma enorme liberdade. Também por isso, conseguimos agregar pessoas de vários setores. O nosso grau de preocupação não é com as europeias mas com o Porto. O que nos move é o sentimento pelo Porto", sublinha, referindo-se a apoios do CDS-PP e da IL, nas autárquicas de 2021.
Daí que admita: "Gostaria muito que houvesse uma continuidade das nossas políticas. O que nos preocupa é conseguir proporcionar qualidade de vida".
Ainda assim, dentro de dois anos, o "Porto, o Nosso Movimento" mantém-se recetivo a qualquer apoio, desde que venha de "partidos democráticos", ou seja, aceita de bom grado um apoio do PSD ou de outro partido mas não integra uma lista partidária.
OPOSIÇÃO
Dois ministros apontados no PS
O "Porto, o Nosso Movimento" poderá ter que defrontar um ministro para conseguir manter nas suas mãos a gestão da Câmara do Porto. É que são dois os nomes que reúnem mais apoios para serem os cabeças de lista do PS: o titular da pasta da Saúde, Manuel Pizarro, que já concorreu duas vezes à Autarquia (2013 e 2017) e que já foi apontado como o preferido do líder distrital, Eduardo Vítor Rodrigues; e o titular da pasta da Administração Interna, o ex-autarca de Baião, José Luís Carneiro. Entre os sociais-democratas, apontam-se os nomes dos dirigentes nacionais Paulo Rangel e Pedro Duarte.
PORMENORES
Seis vereadores
As eleições de 26 de setembro de 2021 deram ao movimento independente seis vereadores, contra três do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
Acordo pós-eleitoral
A 13 de outubro de 2021, o movimento encabeçado por Rui Moreira firmou um acordo com o PSD, que ditava a prossecução de medidas como a redução da carga fiscal. O PSD não teria pelouros mas indicaria o presidente da Mesa da Assembleia Municipal.
Resultado
Nas autárquicas de 2021, os independentes tiveram 40,7%, menos dez mil votos do que quatro anos antes, o que fez com que perdessem um vereador e a maioria absoluta.