A falta de segurança tem sido um dos temas quentes da campanha eleitoral na Amadora, o nono concelho do país com maior insegurança e criminalidade. É neste ponto que as principais candidatas mais divergem.
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Suzana Garcia, que se candidata pela coligação Dar Voz à Amadora (PSD/CDS/Aliança/MPT/PDR), tem insistido que a solução para um dos principais problemas do município passará, entre outras medidas, por um reforço do policiamento. Promete triplicar o número de agentes da Polícia Municipal e criar condições de trabalho dignas para esta classe profissional. Carla Tavares, atual presidente da Câmara, à qual se recandidata pelo PS, tem desvalorizado o problema da insegurança, que considera ser "muitas vezes empolado".
"Temos desafios nesta matéria como têm todas as cidades", disse este mês num debate. Afirmação recebida com surpresa por Suzana Garcia, que acusou a principal adversária de "desonestidade intelectual". "Temos de olhar para as estatísticas e ver o que elas nos indicam. Odivelas também é suburbana e tem 18% de criminalidade, menos 10% que a Amadora (27%). A Amadora conseguiu o feito histórico de ter um aumento de criminalidade na pandemia", reagiu a candidata da coligação de direita.
Carla Tavares acredita que o problema tem vindo a diminuir com a instalação de 103 câmaras de vídeo-proteção, e continuará a melhorar com a colocação de mais 37. Já Suzana Garcia considera "estigmatizante colocar-se câmaras num sítio e não colocar noutro". "Parece que estamos a dizer que aquelas pessoas são criminosas e as outras não são, devemos colocar em todas as freguesias".
Esquadra ou não
Outra das questões onde as duas candidatas se afastam é na construção de uma nova esquadra prometida desde 2009 para Vila Chã. Suzana Garcia promete construir essa esquadra, "moderna", para a PSP, e requalificar todas as esquadras do concelho . "Não concordamos que a esquadra não faça falta, precisamos de uma super esquadra. A necessidade da atual candidata reconhecer que são precisas mais câmaras demonstra bem a falência da forma como geriu esta situação", criticou a candidata, que quer tornar a Amadora no concelho "mais seguro" do país.
Carla Tavares, por sua vez, tem insistido na ideia de que esta esquadra "não faz sentido" e que é mais importante apostar em polícia de proximidade, "que deve estar nas ruas próxima das pessoas", assim como melhorar a qualidade das esquadras. O policiamento de proximidade tem sido defendido também pelo Bloco de Esquerda, a CDU e o Chega.
António Borges, candidato pela CDU, assim como o candidato do Chega, José Dias, defendem ainda um reforço da iluminação pública nos locais onde há maior criminalidade e dos guardas noturnos. Quanto à construção de uma nova esquadra já não partilham a mesma opinião. António Borges acredita que esta é necessária, mas José Dias não.
"O escritório do polícia é a rua. Apoio o aumento de efetivos e considero uma vergonha serem 24", considera o candidato do Chega. Ambos concordam com a instalação de videovigilância, embora António Borges considere que esta "não pode ser a resolução de todos os problemas". Para o candidato da Iniciativa Liberal, Nuno Ataíde, "não é uma super esquadra que vai resolver o problema" e a instalação das câmaras "fazem sentido". "Pode não evitar o crime, mas ajuda-nos a por muitos criminosos na prisão", considera.
O sistema de videovigilância só não acolhe simpatia do Bloco de Esquerda. Deolinda Martin, que vai a eleições como atual vereadora pelo BE, defende que as câmaras constituem uma "devassa dos nossos direitos mais privados" e não acredita que estas tenham um efeito dissuasor. Se ganhar, promete mesmo tirá-las e apostar antes nas esquadras de bairro.
O candidato do PAN, Carlos Macedo, propõe o aumento do número de agentes da PSP nas ruas e condições mais dignas. "Grande parte dos polícias é deslocado e não aufere grandes ordenados, e acabam por partilhar quarto. É preciso arranjar um local, com quartos, onde a polícia possa dormir com privacidade", tem defendido.