Muitos passageiros preferem fazer a travessia a pé, apesar de haver autocarros alternativos. Chegar a horas ao emprego é uma dor de cabeça. Metro admite reforçar serviço de "shuttle".
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Muitos atravessam a ponte a pé, outros aproveitam a boleia do "shuttle" para chegar à margem contrária do rio Douro. Com a circulação do metro no tabuleiro superior da Ponte Luís I interrompida desde sábado, devido a uma avaria num dos aparelhos de dilatação da estrutura, a linha Amarela passou a operar de forma degradada entre as estações de S. Bento e do Hospital de S. João, e no troço entre Santo Ovídio e o Jardim do Morro.
Nos terminais, há seguranças a indicar a paragem para efetuar o transbordo e assegurar uma coordenação entre a chegada do metro e a partida dos autocarros. Com o desvio pela Ponte do Infante, a viagem demora mais dez minutos. Em dias de congestionamento, será preciso mais tempo. "Isto causa muito transtorno", lamentou Amélia Mota, que mora em Gaia e trabalha em Gondomar.
"Trabalhei no fim de semana e estou a chegar quase sempre atrasada. Se venho de Rio Tinto, tenho de apanhar o metro até S. Bento e depois ir no autocarro até ao Jardim do Morro para voltar a entrar no metro", relatou.
Ao JN, a Metro garantiu que a reparação da anomalia deverá estar concluída dentro do prazo estipulado: dez dias. Admitiu ainda que, caso seja necessário, haverá um reforço dos autocarros.
Segurança
Sem o metro, o tabuleiro superior da ponte foi invadido pelos peões. Aos muitos turistas juntam-se os passageiros que preferem ir a pé. Dina Vilela corre contra o tempo para picar o ponto a horas. Na terça-feira, desceu a Avenida da República, onde vive, até aos Aliados, onde trabalha. "Pagar um bilhete só por duas estações não compensava. Além disso, o autocarro [serviço alternativo] não é opção porque demora muito", referiu.
Apesar do "transtorno", Maria Rodrigues, de 80 anos, reconhece a importância da intervenção. "É fundamental para manter a segurança. Há muitos anos, andavam sempre a fazer manutenção", notou a moradora de Gaia, que optou por atravessar a ponte a pé. "A interrupção do serviço faz-me diferença. Já vou atrasada para uma consulta", acrescentou. Virgínia Castro, professora em Gaia, partilha a preocupação: "Já estou atrasada. Vou ter de começar a apanhar o autocarro, de metro é impossível".
SABER MAIS
Alternativas
Em S. Bento, no Porto, e no Jardim do Morro, em Gaia, há quatro autocarros da Espírito Santo, que fazem a ligação entre as duas cidades. A travessia também é possível nos comboios da CP, com paragem nas estações de General Torres e de Campanhã, e nos autocarros da STCP, com as linhas 904 e 905.
Tabuleiro inferior
A infraestruturas de Portugal, que tutela o tabuleiro inferior da Ponte Luís I, vai investir dois milhões de euros na sua reabilitação. As obras são reclamadas por moradores e pelas autarquias do Porto e de Gaia, devido ao mau estado do pavimento.