É o maior evento do género no país: duas vezes por ano, o Iberanime chama milhares de adolescentes apaixonados pela cultura pop japonesa da 'manga' e do 'anime'. A feira de Gondomar termina este domingo.
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Não se estranhe, mas Beatriz, 15 anos, de Paredes, está toda vestida de preto à Ritsuka, herói do desenho animado "Loveles": cabelo espetado, orelhas de gato e cauda a abanar. "Ele é homem e felino e guerreiro e adoro-o. Adoro 'anime' [animação japonesa], quando crescer quero viver e trabalhar no Japão", diz Beatriz, rodeada de amigos e também eles trajam de forma insinuante e extravagante e todos se apresentam com cabelos coloridos, como mais ou menos metade do público que ali está.
"Este é o meu mundo, tenho mais amigos aqui do que na escola", resumia ontem à tarde a adolescente, que está em plena feira Iberanime, o certame que entre ontem e hoje promove a cultura pop japonesa com 40 expositores no Pavilhão Multiusos de Gondomar.
A maioria vende merchandising 'anime/manga' (roupa, adereços, jogos, livros), mas a feira é mais um centro de diversões, com concursos de fantasia e dança, karaoke, workshops e concertos (ontem atuou Keisho Ohno, guitarrista do shamisen elétrico, espécie de banjo mais comprido com três cordas; hoje tocam Kami e Yoshi, o Puto Dragão).
Foi justamente por ser estranho às excentricidades das culturas 'manga' e 'anime', que contaminavam os seus filhos adolescentes, que o produtor brasileiro André Manz inventou o Iberanime, maior evento do género no país, que duas vezes por ano surge em Lisboa e depois no Porto.
"Sim, isto começou como uma coisa em casa para os meus miúdos [9 e 13 anos], porque eu não sabia coisa nenhuma daquilo, e depois alargou à família, ao bairro, cresceu e deu nisto", diz André Manz, 47 anos, brasileiro há 20 anos em Portugal.
O produtor explica que "o público-alvo é o adolescente e o jovem adulto, mas há oferta transversal para avós e netos e toda a família". Dentro das expectativas da organização, a feira "deverá juntar seis mil pessoas, um número muito bom".